Com tecnologia espacial, cabine de sanitização é nova aposta contra a Covid-19

Equipamento utiliza inteligência artificial e luz UVC para descontaminar superfícies em seres humanos

A chegada do novo coronavírus escancarou a importância de processos de sanitização para a humanidade.

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Enquanto nós, como indivíduos, temos a água e o sabão, assim como álcool em gel, as máscaras e as vacinas, à disposição para evitar a propagação do vírus, as instituições precisam de medidas maiores para evitar a contaminação de seus ambientes.

Foi pensando nisso que um grupo de investidores se juntou ao Instituto de Física da USP – São Carlos para criar a Ester. Novidade no mercado para prevenção contra a Covid-19, trata-se de uma cabine de sanitização que utiliza inteligência artificial e raios UVC para eliminar bactérias, fungos e vírus. Tudo em apenas dez segundos.

Ajudinha do espaço

Imagine limpar toda sua casa, porém receber uma visita suja com terra. Já dá para imaginar que algum rastro ela irá deixar pelos ambientes. A proposta da Ester é evitar exatamente esse rastro, eliminando qualquer vírus, bactéria ou fungo da roupa e sapato dos indivíduos.

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Diretor de Engenharia da empresa Ester, Felipe Jean da Costa explica que a cabine conta com um sistema automatizado para que o usuário tenha de apenas se manter na posição correta para que seja feito o procedimento higiênico. Todo o trabalho restante fica com a Ester. Essa tecnologia é a mesma utilizada para acompanhar o comportamento de um satélite em órbita. De forma bem simplificada, funciona assim: o processo tem diferentes etapas, e sensores garantem que cada etapa tenha sido cumprida corretamente para que a cabine execute a seguinte.

Todo processo de automação da cabine foi desenvolvido por profissionais com passagem pelo Programa Espacial Brasileiro. E falando em espaço, a luz UVC, protagonista do processo de sanitização, é emanada pelo Sol e não consegue chegar à superfície da Terra por ser barrada pela camada de ozônio.

Como a cabine funciona

O processo todo leva em torno de 20 segundos, da entrada à saída da cabine, e o usuário não precisa ter nenhum contato físico com a cabine. No total, o equipamento conta com 23 lâmpadas UVC: 21 nas paredes laterais e outras 2 no chão.

Após o usuário entrar na cabine, composta por uma câmara e uma antecâmara, a própria Ester orienta, por comando de voz, em qual posição a pessoa deve ficar. Quando o usuário estiver no ponto correto, uma plataforma vai subir até a altura dos ombros para barrar a luz na região do pescoço e da cabeça. A pessoa também usa uma luva para proteger a pele das mãos e dos braços. Isso é uma precaução porque a pode não estar usando protetor solar, evitando o contato da luz com a pele.

As lâmpadas UVC são acesas por dez segundos. Como explica Felipe, elas possuem um comprimento de onda específico para atacar justamente os microorganismos que estiverem no vestuário do usuário e também na sola do calçado. Um vírus, por exemplo, é composto por uma camada proteica e seu material genético. A radiação vai atacá-los e inativar o microorganismo, evitando que ele se propague. Passados os dez segundos da sanitização, a cabine autoriza a saída do usuário da cabine.

A entrada se dá por uma porta, e a saída, pelo lado oposto. O usuário obrigatoriamente sai por uma outra direção, separando o que seria uma área suja, onde se contamina, e uma área limpa, onde ele entra completamente sanitizado. “Para completar, depois que o usuário sai da cabine, a plataforma retoma para sua posição inicial e executa a sanitização de todo o ambiente interno”, completa o especialista.

Eficácia comprovada

Os estudos para desenvolver a tecnologia das lâmpadas foram realizados através do Instituto de Física da USP São Carlos, e foi revelada uma eficácia de 99,9% na eliminação da bactéria estudada, resistente até álcool e sabão. “A cabine se posiciona como uma grande ferramenta, uma grande aliada para a contenção do vírus nessa alta taxa de contágio que estamos vivendo. Gera segurança para o ambiente e o usuário”, completa Felipe.

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