Corretor de seguros aluga registro para terceiros

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Com R$ 624 mensais é possível operar sem ser profissional do ramo

Tem repercutido nas redes sociais um anúncio, no mínimo, curioso. Um profissional, se é que podemos chamá-lo assim, está alugando seu registro técnico em diversos sites como OLX e Mercado Livre.

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Promessa é de concluir operação entre 20 e 30 dias. Clique para ampliar.

Nossa reportagem entrou em contato com o anunciante que revelou como funciona o esquema. “Eu posso assinar como técnico responsável, assim como quando você vai construir um prédio e precisa de um engenheiro”, explica ao cobrar o valor de R$ 624 mensais pelo aluguel do registro.

Em um dos anúncios, fica o convite para um café na sede da corretora, localizada em São Paulo. A promessa é de concluir a operação entre 20 e 30 dias. “Estou no ramo desde 1974 e tenho há trinta anos a corretora”, completa.

Ele detalha ainda como funciona o mercado de corretagem de seguros. “A maioria das pessoas trabalha nas corretoras e divide a comissão. Se a pessoa não for do ramo não conseguirá, mas se for muito bem relacionada pode contratar alguém e fazer tudo online, hoje em dia não precisa encontrar o cliente. Um seguro de automóvel, por exemplo, possui comissão de R$ 400”.

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O anunciante ainda revela: possui associações como clientes

“Eu tenho clientes que são grupos empresariais muito fortes. Tenho um cliente aqui que não é do ramo, faz seguros de automóveis. Outro com 3 mil funcionários faz seguro saúde. Seguro de transporte também”.

Prática é imoral

Não há nenhuma regulamentação sobre este procedimento junto a Superintendência de Seguros Privados até o momento. No entanto, Andre Thozeski, diretor de marketing do Sindicato dos Corretores de Seguros do Rio Grande do Sul (Sincor-RS), lembra que a prática é imoral. “O mercado de seguros não deveria passar por este tipo de situação, uma vez, que isso é prejudicial para o setor como um todo”, avalia. Ele ainda lembra que o corretor que terceiriza sua responsabilidade técnica responde por qualquer erro que aconteça, diferente do que foi informado pelo anunciante.

Susep planeja coibir a prática

No final do ano passado, a Susep informou que editaria um normativo para limitar a três o número de corretoras que um corretor pode ter sob sua responsabilidade técnica. A proposta ainda é de limitar a atuação apenas em empresas que estejam no mesmo estado em que o profissional tiver domicílio.

O órgão classifica a prática como “deletéria“, ou seja, nociva e prejudicial ao setor de seguros.

Corretor profissional alerta para os riscos deste tipo de negócio

Devidamente registrado na Superintendência de Seguros Privados (Susep), o corretor de seguros Thiago Fecher afirma que o corretor tem experiência e formação necessárias para zelar por ambas as partes do contrato, ou seja, a seguradora e o segurado. “Seguros contratados por meios que não possuam participação ativa de um corretor de seguros registrado na Susep tem uma grande chance de serem mal dimensionados ou conterem vícios na contratação, gerando a perda do direito de indenização”, reitera.

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