Crescimento global sincronizado

Economias centrais e emergentes avançam em resultado de estímulos proporcionados pelas baixas taxas de juros

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As principais economias do mundo estão em expansão. Nos Estados Unidos, os efeitos secundários da crise financeira se dissipam, e consumidores retornam a seus padrões normais de gastos. O PIB do Japão cresceu à taxa anualizada de 4% no segundo trimestre deste ano. E as economias da região do euro, há anos em dificuldades, demonstram sinais de recuperação. A Grécia apresenta redução da taxa de desemprego e retorna ao mercado de bônus internacional.

Mas o dinamismo também é observado em outras economias. A desvalorização do dólar propicia a elevação dos preços de commodities, o que beneficia economias emergentes. O principal destaque são as commodities metálicas. O zinco, o níquel e o minério de ferro subiram 16%, 22% e 33% no terceiro trimestre do ano, respectivamente.

Além disso, o gradualismo da política em países centrais também beneficia investimentos diretos e em portfólio nos emergentes em busca de maiores retornos. Ou seja, diversas economias do mundo crescem em sincronia, resultado dos prolongados estímulos proporcionados pelas baixas taxas de juros dos bancos centrais.

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Todos os 45 países acompanhados pela OCDE devem crescer em 2017 – em 33 deles haverá aceleração ante o crescimento de 2016. Nos últimos 50 anos, essa sincronia de crescimento ocorreu apenas em três ocasiões: antes da crise do petróleo dos anos 70, ao final dos anos 80 e em 2007.

Essa sincronia de crescimento explica porque títulos de renda variável demonstram evolução vigorosa em diferentes regiões. Os índices referenciais de renda variável do México, Brasil e Argentina subiram 12%, 18% e 39% neste ano, respetivamente. A valorização do índice Dow Jones foi de 11% no mesmo período. Ou seja, os estímulos de política monetária do Federal Reserve beneficiam a remuneração da renda variável na economia dos EUA. Mas a renda variável em economias emergentes se beneficia ainda mais.

Interessante que, mesmo com esse vigor da economia global, a maioria das taxas de inflação pelo mundo continua baixa. Aumentos de produtividade e lags de política monetária estão entre as possíveis explicações para esse fenômeno. De qualquer modo, isso vai dar aos bancos centrais a oportunidade de gradualismo na normalização da política monetária em economias centrais. Estamos atentos aos riscos e oportunidades desse cenário.

Gestão

Agosto foi um misto de apreensão e otimismo. A apreensão veio do cenário externo, em que a Coreia do Norte foi protagonista de uma série de ameaças à paz mundial. Como resposta as ameaças e aos mísseis lançados pelo país asiático, os Estados Unidos voltaram a subir o tom no caso de algum país aliado ser atingido, prometendo um eventual revide e sanções comerciais. China e Rússia demonstraram apoio à Coreia e pediram cautela aos EUA e demais países.

Já no mercado local o sentimento foi de otimismo. Indicadores econômicos e de inflação ajudaram a aumentar a expectativa em relação à recuperação econômica. Porém os dados fiscais trouxeram cautela aos investidores. O grande destaque de investimento em agosto foi a bolsa de valores. O Ibovespa encerrou agosto com valorização de 7,46%, aos 70.835 pontos. O fluxo de investimento externo na bolsa foi positivo, com entrada de R$ 2,987 bilhões. No ano, o saldo acumulado é de R$ 10,984 bilhões.

O mercado de renda fixa local voltou a registrar otimismo, e as taxas de juros cederam consideravelmente. Dentre os motivos observados tivemos o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), que de acordo com as projeções de mercado encerrará 2017 próximo de 3,50%, um ponto percentual abaixo do centro da meta de inflação.  Corrobora com essa expectativa, a última divulgação do PIB que registrou leve alta. A visão de mercado é que com a atividade fraca diminui a possibilidade de haver um repique da inflação e, com isso, o Banco Central teria mais espaço para continuar o ciclo de corte da Selic, trazendo a taxa para próximo de 7%. Continuamos posicionados em arbitragens da curva de juros, com destaque para operações nos vencimentos mais curtos da curva de juros futuros.

No mercado de renda variável, não podemos deixar de destacar o desempenho de nossa carteira de ações. Em agosto a rentabilidade registrada foi de 10,51% contra 7,46% do Ibovespa e 7,35% do IBX. No ano nossa carteira acumula alta de 20,67% contra 17,61% do Ibovespa e 18,72% do IBX. Este desempenho é fruto de um trabalho de pesquisa e busca por empresas que possuem sólidos fundamentos e que estão momentaneamente descontadas em relação às demais empresas. Este mesmo racional foi utilizado em nosso fundo de Small Cap onde o retorno ainda é mais expressivo. No ano nossa carteira acumula alta de 46,77% contra 40,02% do Índice SMALL CAP. Vemos neste mercado de Small Caps grandes oportunidades de investimento com excelentes potenciais de valorização.

Já no mercado de renda fixa internacional, devido às tensões geopolíticas está difícil da curva de juros norte americana voltar para patamares mais elevados. Entendemos que haverá uma correção na curva de juros e que esse longo período de taxas extremamente baixas está próximo do fim. Porém por ser considerado um ativo seguro, quando há aumento de incerteza as taxas tendem a ceder, mas o ajuste tende a acontecer.

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