Crise atual é teste para compliance, dizem especialistas

“Companhias precisam considerar a prevenção de ilícitos, inclusive as que eventualmente envolvam doações para combater a Covid-19 no Brasil”

O momento atual da crise provocada pelo novo coronavírus será um grande teste para as áreas de compliance, na visão de especialistas que participaram de evento promovido pela Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham) nesta sexta-feira. Além disso, as companhias precisam considerar a prevenção de ilícitos, inclusive as que eventualmente envolvam doações para combater a Covid-19 no Brasil.

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Para o professor de compliance e ex-corregedor da União, Antônio Carlos da Nobrega, as empresas que já tem implementados mecanismos de transparência e de mitigação de conflitos de interesse, por exemplo, passarão pelo momento com mais tranquilidade. “Esse é um período do de excepcionalidade e não significa que podem haver desvios e fraudes”, afirmou.

Houve casos de empresas que consideraram o desligamento das atividades das áreas de compliance durante a pandemia porque não eram consideradas essenciais. Além disso, durante a pandemia, já foram descobertos episódios de corrupção envolvendo secretários de saúde. “Nem mesmo uma pandemia como essa serve de obstáculo para o corrupto. Achamos que o senso de solidariedade e integridade pode se estabelecer entre nós, mas quando se fala em corrupção, sabemos que as coisas não funcionam dessa maneira”, disse o diretor de compliance da Petrobras, Marcelo Zenckner.

Nobrega lembra que é necessário ter clareza nas doações realizadas, com o adequado registro, evitando intermediários e o uso político das doações. “Para que as doações alcancem seus objetivos, são necessários cuidados para que não haja desvios”, afirmou.

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O diretor de compliance da BRF, Reynaldo Goto, disse que a empresa tem lidado com fornecedores novos — de máscaras e álcool em gel, por exemplo. “Talvez mais importante que a due diligence, é acompanhar a real capacidade do fornecedor de executar e garantir que não vai cruzar linhas de corrupção ou direitos humanos”, afirmou.

O diretor da Petrobras lembrou medidas que foram adotadas pela empresa por causa da pandemia, como a testagem de funcionários e a redução de remuneração da alta administração. Na BRF, as pessoas que compõem grupos de risco foram afastadas e a empresa também está intensificando os testes, segundo Goto.

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