Digitalização é oportunidade para seguradoras aumentarem base de clientes, aponta pesquisa da Capco
Brasileiros aceitariam fornecedor dados pessoais por meio de dispositivos digitais para terem um prêmio de apólice mais baixo
Ter uma apólice de seguros ainda é considerado um luxo no Brasil, mas a digitalização poderá ajudar a fidelizar os clientes atuais e expandir a base de usuários, indica estudo da Capco, consultoria global de gestão e tecnologia dedicada ao setor de serviços financeiros. Para realizar o estudo “O Futuro do Seguro: Personalizado, Digitalizado e Conectado”, a Capco entrevistou quase 14 mil pessoas no mundo, sendo 1.007 pessoas no Brasil.
Segundo o levantamento, 68% dos entrevistados que já possuem um seguro contratado dizem que esperam melhores serviços online de suas seguradoras. Além disso, 78% afirmou que espera essa melhoria por meio de aplicativos que deem acesso a todos os produtos financeiros que possuem, como contas bancárias e aposentadorias, e que também ofereçam aconselhamentos personalizados.
Um outro dado sobre a digitalização é o de que 70% dos que não têm seguro usariam um aplicativo para ver em um só canal todos os seus produtos financeiros. É, portanto, uma indicação de potencial a ser explorado.
“O mercado de seguros no Brasil está mudando rapidamente com a Covid-19, com as tendências de digitalização e com as mudanças na regulação. Mais do que nunca, as seguradoras devem ficar atentas aos últimos desenvolvimentos do setor”, afirma Luciano Sobral, sócio da Capco no Brasil.
O executivo lembra que a Superintendência de Seguros Privados (Susep) tem avançado com o open insurance e reforçado a regulação da segurança cibernética. “Essas iniciativas representam tanto oportunidades, quanto desafios para os seguradores. Novos produtos e modelos de negócios podem ser criados, aumentando as conveniências para os usuários atuais e contribuindo para a captação de clientes”, completou.
Além da importância da digitalização na estratégia das seguradoras, o estudo também indica que a criação de experiências personalizadas pode ser um fator de sucesso. De acordo com a pesquisa, dos 78% dos consultados que têm seguro e aceitariam informar seus dados em troca de seguros personalizados premium e produtos, 41% faria isso por meio de “wearables”, ou acessórios como relógios inteligentes. Por isso, o compartilhamento de dados pode gerar novos pontos de entrada de clientes no segmento, mostra a Capco.
Outra conclusão do estudo é a importância de ampliar a educação sobre seguros na população, como forma de trazer novos clientes. Dos entrevistados que não tem seguro, 77% nunca teve uma apólice e 31% considera o produto desnecessário, enquanto 30% disse não saber muito sobre o assunto. Outros 12% disseram que não saberiam qual seguro comprar. Por isso, há uma oportunidade para as seguradoras demonstrarem os benefícios que os produtos geram, assim como formas de pagamentos alternativas como Pix e modelos como o pay per use, conclui a consultoria.
O estudo aponta que o aumento de renda é o principal fator que cria interesse de compra de seguros ou de aumento de cobertura já existente. Além disso, custo-benefício é o fator mais importante na hora de se decidir por uma seguradora. Apesar de ser considerado um produto de luxo, 53% dos brasileiros disseram que deverão comprar um produto adicional de seguros no próximo ano.
A pesquisa global da Capco aconteceu em abril e maio deste ano e entrevistou 13.798 pessoas, sendo 49% homens, 50% mulheres e 1% se identificaram como “outros”. Os entrevistados têm mais de 18 anos e são do Reino Unido, Estados Unidos, Canadá, Brasil, Alemanha, Áustria, Suíça, Bélgica, Hong Kong, China, Singapura, Tailândia e Malásia.