Especialistas do TC analisam impactos do conflito entre Rússia e Ucrânia

Confira visão de Leopoldo Vieira, analista político, e Fernanda Mansano, economista-chefe do TC

De acordo com o analista político do TC, Leopoldo Vieira, o principal impacto que a crise ucraniana pode ter no Brasil é em relação ao preço dos combustíveis:

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“Como efeito colateral da guerra, o contrato futuro do petróleo Brent em Nova York subiu nesta manhã a 8,08%, cotado a US$104,68, o que deve pressionar a Petrobras e o sistema político, uma combinação que traz risco à atual política dolarizada. Mas, além disso, pode impactar as economias americana e chinesa, com algum efeito possível sobre as expectativas de crescimento”, explica o especialista.

A alta do petróleo, em virtude da Ucrânia, também influencia no preço dos transportes e alimentos, temas caros para as camadas de baixa e média renda, afora a carestia nas bombas de gasolina. Ontem, o Senado Federal adiou para depois do Carnaval a votação de um pacote dos combustíveis, atrasando uma solução.

Por fim, o posicionamento do governo em relação à crise pode fazer o país se isolar dos Estados Unidos (EUA) e da União Europeia (UE) geopoliticamente, afora o que já estava por questões ambientais.

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Por outro lado, empresas russas são importantes fornecedoras de fertilizantes no Brasil, como a Vittia, e podem sofrer sanções. Além de a Uralkali e a Uralchem terem investido fortemente no Brasil nos últimos dois anos. Assim como a EuroChem que comprou a Fertilizantes Heringer, com capital aberto na bolsa.

“Não se descartam efeitos sobre o agro brasileiro, o que depende da abrangência de eventuais sanções secundárias impostas pelos EUA e a UE (Informação adquirida via fontes do Scoop, ferramenta que fornece informações do mercado em primeira mão aos assinantes do TC)”, cita Leopoldo.

Análise econômica com Fernanda Mansano, economista-chefe do TC

Já a economista-chefe do TC, Fernanda Mansano, alerta para a instabilidade e incerteza no cenário econômico, e ressalta três áreas com maiores impactos: 1. Inflação e crescimento mundial; 2. Política monetária e ativos emergentes; e 3. Commodities.

“Em síntese, o ambiente de guerra fará a economia mundial sofrer por diferentes frentes. A regra será instabilidade e incerteza. Veremos maior inflação, menor crescimento econômico, fuga de capital dos países emergentes, dólar forte e queda generalizada nos ativos de riscos. No front monetário, veremos uma possível mudança de trajetória ou, ao menos, maior cautela na manutenção do ritmo contracionista dos bancos centrais. A alta nas commodities corrobora com a piora na inflação global e a deterioração das disrupções nas cadeias de suprimentos“, finaliza a economista-chefe.

Confira o relatório completo (.PDF externo).

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