Fraude em seguros sob demanda: como a tecnologia pode evitar
Confira artigo de Fernando Steler, fundador e CEO da D1
No novo formato sob demanda, da mesma forma que fica mais fácil contratar o seguro, também fica mais fácil fraudar. E neste ponto as companhias seguradoras interessadas em atuar com seguros intermitentes terão que inovar para não sofrerem prejuízos.
Algumas ideias vão desde os clássicos boletins de ocorrência ou parecer de médicos, como usar as mídias sociais para comprovação de eventos e a utilização de “Oracles” ou Oráculos, como a tecnologia de Blockchain chama os eventos irrefutáveis que aconteceram fora da rede.
De acordo com o livro Token Economy de Shermin Voshmgir, “Blockchains e contratos inteligentes não podem acessar dados de fora da rede. Para saber o que fazer, um contrato inteligente geralmente precisa ter acesso a informações do mundo exterior que sejam relevantes para o contrato, na forma de dados eletrônicos, também chamados de oráculos. Esses oráculos são serviços que enviam e verificam ocorrências do mundo real e enviam essas informações a contratos inteligentes, desencadeando mudanças de estado no blockchain”.
Exemplos de Oráculos podem ser as APIs (interfaces de programação de aplicativos, em português) oficiais de consulta pública de horário de voos, pode ser uma notícia verificada em portais de grande acesso, o resultado da loteria federal, rastreamento de encomendas de Comércio Eletrônico, a taxa básica da SELIC divulgada pelo COPOM, o acontecimento de um terremoto ou vendaval, a taxa de câmbio do dólar, índices como IGP-M, IPCA, atestado de óbito, etc. Também podem ser informações validadas por consenso de uma maioria, extraída de um grupo de Facebook ou WhatsApp.
Um Contrato ou Apólice Inteligente no Blockchain pode rodar a seguinte regra: se um voo atrasar mais de 10 minutos, execute a ordem de pagamento do sinistro. Para saber se o voo atrasou, o Smart Contract consulta o Oráculo que é a API de horário dos voos. Tudo digital e automatizado.
Tópicos avançados para seguros sob demanda: BFT e Tokenização
Rodar algum algoritmo de BFT — do inglês Byzantine Fault Tolerance pode diminuir as chances de fraude. BFT é o recurso de uma rede distribuída para alcançar consenso mesmo quando alguns dos nós da rede falham em responder ou respondem com informações incorretas. Um grupo de corretores, por exemplo, pode ser responsável em concordar que uma casa pegou fogo e serem remunerados por isso, e a cada vez que a informação estiver correta e verificada, sua reputação aumenta. Exatamente como os mineradores trabalham nas redes de Blockchain, como Bitcoin ou Ethereum. Existem um composto de Teoria dos Jogos, com competição e incentivos para estímulo de um bom trabalho em comum para a rede.
As seguradoras também podem criar uma espécie de Token de Utilidade para girar dentro da sua rede. Estes Tokens, que funcionam igual uma criptomoeda, podem ser trocados por serviços, muito parecido com o mercado de pontuação e milhas aéreas, que podem ser negociados.
*Por Fernando Steler, fundador e CEO da D1, empresa que viabiliza o processo de transformação digital para a construção de melhores jornadas de engajamento no envio de comunicações omnichannel entre corporações e suas bases de clientes. A plataforma funciona como um agregador de mensagens e um orquestrador de comunicações que não apenas otimiza custos, mas também aprimora a experiência do cliente final no processo.