Home care de idosos é desafio na pandemia

Confira artigo de Syomara Cristina Szmidziuk, terapeuta ocupacional há 31 anos

Ao completar um ano de distanciamento social, os brasileiros aprenderam o valor da autonomia e da liberdade. Quem cuida de idosos sabe que a independência nas atividades diárias é fundamental para a autoestima e até para a expectativa de vida de cada pessoa.

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Uma professora minha dizia: “ninguém penteia seu cabelo como você”. Isso vale não apenas para o idoso, mas para qualquer indivíduo que se percebe numa situação momentânea de incapacidade. Queremos fazer as coisas do nosso jeito, e isso não muda, na verdade se intensifica, com o avanço da idade.

Nesse ano de pandemia, felizmente percebemos a opção de muitas famílias por manter o atendimento do terapeuta ocupacional, que auxilia o idoso ou a pessoa em reabilitação a retomar suas atividades cotidianas. A maior parte opta pelo home care, em que o profissional vai até a residência e lá realiza a sessão.

Mas é preciso que todas as medidas sejam tomadas para que essa modalidade de atendimento seja segura. Nunca é demais lembrar dos EPIs corretos: guarda-pó descartável, máscara adequada, touca, e, em alguns casos, luvas descartáveis.

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É fundamental ainda que a higienização do profissional seja feita ao chegar à morada do paciente, em local isolado, antes de ter contato com ele. A vestimenta usada no atendimento não pode ser a mesma usada no trajeto até a casa.

Nos pés, protetores descartáveis sobre os sapatos ou meias antiderrapantes. Tudo isso deve vir em uma bolsa com espaço para itens higienizados, separado dos demais apetrechos.

Outra dica importante é utilizar o álcool nas mãos e objetos a serem manuseados na sessão na presença da pessoa a ser atendida, de forma que ela sinta segurança em todo o processo.

Cuidar da terceira idade requer comprometimento

Outro fator fundamental no cuidado com o idoso é a participação da família: a dedicação de levar às sessões ou de manter o agendamento das terapias no homecare contribui muito para o resultado final.

Isso porque, quando é feita a interrupção das sessões, é grande a perda de força, pois ocorre a diminuição da massa muscular, fraqueza óssea e/ou patologias associadas. É importante atentar ainda para a possibilidade de ocorrência da sarcopenia, que é a perda de massa muscular própria do idoso, podendo haver redução da quantidade e tamanho das fibras musculares devido à redução de atividades físicas e alteração hormonal, o que é muito comum em pessoas na terceira idade sedentárias. Por outro lado, quando o acompanhamento é mantido, o vigor físico do idoso é muito maior e constante.

Outro fator a ser considerado é a manutenção da boa disposição do idoso. Em tempos de isolamento, muitos são acometidos por uma tristeza profunda se não tiverem a sua rotina preservada. Aqui fica uma recomendação a mais: se o ganho do seu idoso com as sessões é lento, não desista. A persistência e manutenção das atividades é que trará resultados.

Por fim, o terapeuta ocupacional precisa saber os limites de sua atividade. É comum que ele ouça muitos conteúdos importantes que o idoso desabafa, mas que não fazem parte de sua profissão tratar. Algumas patologias, lesões ou situações de recuperação também estão ligadas à ocorrência da depressão, e o caso deve ser encaminhado ao psicólogo.

Ao tomar todos esses cuidados, a experiência do idoso e da família com o homecare será muito mais satisfatória e pode trazer a redução de dores, ganho de autonomia e, por que não, mais alegria de viver.

*Syomara Cristina Szmidziuk atua há 31 anos como terapeuta ocupacional, e tem experiência no tratamento e reabilitação dos membros superiores em pacientes neuromotores. Faz atendimentos em consultório particular e em domicílio para bebês, terapia infantil e juvenil, para adultos e terceira idade. Desenvolve trabalho com os métodos RTA e terapia da mão, e possui treinamento em contenção induzida, Perfetti (introdutório), Imagética Motora (básico), Bobath e Baby Course (Bobath avançado), entre outros.

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