Inflação e elevação dos juros preocupam, mas seguro pode ajudar na recuperação

Especialistas reuniram-se em transmissão especial, alusiva aos 97 anos do Sindseg PR/MS

Mais de 900 pessoas acompanharam o painel “Cenários Econômicos: oportunidades e desafios para o mercado segurador”, na última quarta (25). O encontro entre Márcio Coriolano (Presidente da Confederação Nacional das Seguradoras – CNseg), Ivan Gontijo (Presidente da Bradesco Seguros) e Murilo Riedel (CEO da HDI Seguros), além de Altevir Prado (presidente do Sindicato das Seguradoras do Paraná e Mato Grosso do Sul – Sindseg PR/MS), marcou o lançamento da TV Sindseg PR/MS – além da celebração de 97 anos da entidade. O momento contou com mediação do jornalista Carlos Alberto Sardenberg.

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Sardenberg apontou que a inflação anualizada no Brasil está em 9,30%, enquanto que a meta para este ano é 3,75%. Segundo o jornalista, essa persistência de inflação alta acontece em função de vários fatores (como, por exemplo, a falta de chuvas – que impacta na conta de energia, alta do dólar e dos combustíveis, além do crescimento da demanda de commodities). Isso obriga o Banco Central a subir fortemente a taxa de juros. “Juros altos representam crédito mais caro, o que inibe investimentos e a retomada econômica”, afirmou ao destacar que a proximidade das eleições tende a deixar o mercado ainda mais turbulento.

Ainda assim, no setor de seguros o cenário é bem diferente. O presidente da CNseg disse que os números do segmento indicam para uma retomada em “V”. “O seguro, que crescia a 12,3% antes da pandemia, nos períodos de maiores restrições de circulação passou a crescer a apenas 1,3%, mas agora no fim de junho já foi registrado crescimento de 12% novamente”, afirmou Coriolano.

Marcio Coriolano ainda relatou que, com a pandemia, a percepção de finitude da existência humana e a aversão aos riscos alavancou muito o Seguro de Vida e de Saúde, além do Seguro Residencial. Para o especialistas, com as pessoas em casa, houve uma espécie de economia forçada, uma folga no caixa das famílias. “Tudo isso somado ao sentimento aversão ao risco não só do vírus, mas também de catástrofes naturais e tantos outros temores, fez com que grande parte das famílias – que não consumiam seguro – o colocassem na lista de prioridades, logo após os itens mais essenciais, como alimentação, vestuário e transporte”.

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Na avaliação de Coriolano, o setor de seguros tem obtido bons resultados porque consegue atender às necessidades da população. “A indústria pode ajudar muito agora neste ciclo pior que o país vai viver, por força de inflação, etc. O seguro também desonera o Estado. Quanto mais pessoas comprarem previdência privada, por exemplo, maior a desoneração da Previdência Social. Quanto mais utilizarem o Seguro Saúde, menos oneram o Sistema Único de Saúde (SUS)”.

Oportunidades e desafios

Na avaliação do presidente da Bradesco Seguros, Ivan Gontijo, ao mesmo tempo em que o cenário econômico é desafiador, abriu-se uma janela de oportunidades para o mercado. “No momento em que a residência deixou de ser aquele lugar que passávamos algumas horas para dormir e passou a ser um local de trabalho, de convívio com os familiares, onde passamos a maior parte do nosso tempo, ter a proteção no âmbito residencial demonstrou-se como fundamental e esse produto passou a ser objeto de desejo”.

O Seguro de Vida, na visão de Gontijo, é outra modalidade que cresceu muito e demandou adaptações. “O cliente passou a enxergar o Seguro de Vida não só depois da morte, mas acima de tudo, os serviços diferenciados como telemedicina, atendimento a doenças graves e outras coberturas e serviços atrelados a esse tipo de cobertura. O crescimento nesse segmento foi gigantesco”.

LGPD x Open Insurance

Provocados a falar sobre os grandes temas do momento, os painelistas classificaram a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) como uma forma de organizar melhor o uso das informações do consumidor. Os expositores ainda destacaram que o mercado já possui experiência no compartilhamento de informações com segurança.

Outro ponto abordado durante o encontro virtual foi a chegada do Open Insurance. “O primeiro ponto que se faz necessário é esclarecer a questão de governança, da preocupação com os dados, a questão da proteção, da privacidade, e, acima de tudo, a capacidade de consentimento do consumidor. É fundamental dar essa oportunidade ao consumidor para que de uma forma expressa cristalize a sua posição. Se quer compartilhar os dados, até que nível, em quais condições e para qual objetivo. Seja para obter um melhor produto, uma melhor assistência ou melhor serviço”, disse Gontijo ao avaliar que a regulação do Sistema Aberto de Seguros ainda é incipiente, com vários pontos que precisam ser mais bem esclarecidos.

De acordo com o CEO da HDI Seguros, Murilo Riedel, o mercado segurador investiu nos últimos anos recursos importantes na análise de informações. “Todas as seguradoras estão bem equipadas em analytics. No seguro de propriedades temos um mercado de preços extremamente competitivo que vem justamente da estrutura de análise de dados que temos sobre o segurado e seus bens. Isso que faz com que o mercado brasileiro seja muito sofisticado e tenha uma disponibilidade de produtos interessantes com ótima relação de custo-benefício”, disse o executivo ao ponderar que, provavelmente, nos seguros patrimoniais, o Open Insurance não trará reduções de preços significativas porque as margens já são apertadas.

Sandbox Regulatório

O Sandbox Regulatório é um ambiente experimental constituído com condições especiais, limitadas e exclusivas que não representem barreiras à inovação. A iniciativa tem como objetivo reduzir os custos e facilitar os processos para os consumidores, com foco na melhoria da experiência do usuário. Para o dirigente da HDI também será um ambiente que abrirá oportunidades. “Falamos do Sandbox, mas tem um novo elemento que é o iniciador, quase que um intermediário, minerador de dados. Isso possibilitará a investigação de oportunidades que estão abertas para o segurado para isso seja transformado em inteligência ao mercado de alguma forma. Por exemplo, estou com esse cliente aqui que foi matematicamente analisado, você tem alguma coisa interessante para ele? Portanto a gente vive um momento em que a matéria-prima fundamental é a informação, mas vou precisar realmente me assegurar que essa informação é bem utilizada para não causar impactos negativos ao ecosssitema”, finalizou Riedel.

TV Sindseg PR/MS

Este painel marcou o lançamento oficial da TV Sindseg PR/MS no YouTube, e também, deu nome ao seu primeiro programa, chamado de “Painel”, que mensalmente trará autoridades do mercado para discutir os temas mais relevantes. A programação da TV Sindseg PR/MS vai mesclar transmissões ao vivo com matérias e entrevistas gravadas. O objetivo é trazer novidades não só para as seguradoras mas também para o mercado consumidor de seguros. Para ter acesso ao conteúdo, basta entrar no Canal da TV Sindseg PR/MS no YouTube, se inscrever e ativar o sininho, que será notificado sempre que o sindicato publicar um novo vídeo.

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