Inflação obteve maior impacto nas classes mais baixas em outubro
Levantamento é do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA)
O Indicador Ipea de Inflação por Faixa de Renda publicado nesta segunda-feira, 19, revela que os reajustes dos preços dos alimentos e da energia elétrica, ao longo dos últimos meses, tiveram maior impacto sobre a inflação das famílias mais pobres. No acumulado em 12 meses, os dados mostram que, em janeiro de 2018, a inflação das famílias de renda mais baixa registrava alta de 2,1%, ou seja, 1,6 ponto percentual abaixo da taxa apontada pela faixa mais alta (3,7%). “Em outubro, entretanto, essa diferença recuou para 0,99 p.p.”, informa a autora do trabalho, a técnica de planejamento e pesquisa Maria Andreia Parente Lameiras, do Grupo de Conjuntura do Ipea.
O indicador mostra que, em outubro, a classe de renda muito baixa observou o maior incremento na inflação na comparação com outubro. Para essa classe, a variação no mês foi de 0,49%. No mesmo período, o aumento foi de 0,42% para as famílias de renda alta. A alta de 0,9% da alimentação no domicílio e de 0,12% na energia pressionou mais fortemente a inflação das famílias de menor poder aquisitivo, para quem o peso desses itens na cesta de consumo é maior.
No acumulado do ano, a inflação das famílias mais pobres aponta variação de 3,5%, abaixo da registrada pelas faixas de renda mais alta (4,06%). Na comparação com o mesmo mês do ano passado, enquanto na classe de renda muito baixa os percentuais ficaram muito similares (0,49% em outubro de 2018 e 0,48% em outubro de 2017), no segmento de renda alta houve elevação em 2018 (0,42% contra 0,38%, respectivamente). Em outubro passado, a maior contribuição para inflação das famílias mais ricas veio do aumento de 2,2% no preço da gasolina.
Segundo a seção de Inflação da Carta de Conjuntura, “o cenário para a inflação dos próximos meses continua benigno, apesar da aceleração nos meses anteriores, indicando que não há focos de pressão que ponham em risco o cumprimento da meta, tanto para 2018 quanto para 2019”. O centro da meta neste ano é 4,5%. Para o ano que vem, 4,25%. O estudo afirma que a alta de 4,56% nos últimos 12 meses até outubro está associada a pressões pontuais e não a um processo disseminado de alta de preços na economia. As maiores contribuições vêm dos preços administrados, com elevação acumulada de 9,9% no período.
Os destaques foram os reajustes dos preços dos combustíveis – em virtude da desvalorização cambial e da alta da cotação do petróleo – e da energia elétrica, impactada pelo baixo nível dos reservatórios das hidrelétricas e pelos reajustes das distribuidoras. Em contrapartida, os preços livres continuam surpreendendo positivamente por meio da continuidade da desaceleração da inflação de serviços e pelo crescimento abaixo do esperado dos preços dos alimentos.
Para os próximos meses, segundo a seção divulgada nesta segunda-feira, a expectativa é de desaceleração da inflação acumulada em 12 meses, possibilitada pelo recuo dos preços dos alimentos, dos combustíveis, e da energia (a adoção da bandeira amarela em novembro aliada à possibilidade de estabelecimento da bandeira verde em dezembro).