Lucro da Wiz cai 10% no 1º trimestre, mas receita cresce
Companhia mantém seus planos de expansão
O lucro da Wiz Soluções e Corretagem de Seguros ficou em R$ 51,023 milhões no primeiro trimestre, com queda de 9,9% na comparação com o mesmo período do ano passado. Mesmo assim, a receita bruta cresceu 10%, para R$ 190,7 milhões, e a companhia mantém seus planos de expansão – ainda que os desdobramentos da pandemia da Covid-19 tenham desacelerado projetos de crescimento inorgânico.
“A gente vinha com um primeiro bimestre muito bom, mas a pandemia realmente afetou de maneira significativa a última quinzena de março”, comenta o executivo-chefe da Wiz, Heverton Peixoto, lembrando que a força de vendas da companhia ainda depende muito da presença física no balcão da Caixa. Com um impacto maior da quarentena, ele diz que o segundo trimestre “vai ser muito mais difícil que o primeiro”.
A margem Ebitda da Wiz caiu 12 pontos, para 51,8%, mas Peixoto diz que o nível ainda é bastante saudável e que a queda reflete a expansão da companhia em outros segmentos de margem menor que o bancassurance, como a unidade de BPO, que faz gestão de operações de pós-venda para produtos financeiros e de seguros. A receita dessa unidade cresceu 27,9%, para R$ 25,8 milhões.
A expansão da unidade de BPO é um dos principais exemplos do esforço que a Wiz vem fazendo nos últimos anos para diversificar sua receita e depender menos do balcão da Caixa. Desde o ano passado, a companhia adquiriu uma fatia de 40% na corretora de seguros do Banco Inter, comprou o controle da Barigui Corretora e lançou uma linha de home equity em parceria com a gestora Galápagos.
Peixoto afirma que, com a pandemia de Covid-19, novas aquisições devem ficar paralisadas por um tempo. Por outro lado, o desenvolvimento de projetos greenfield internos da companhia vai acelerar. “Aquisições que se encaixam na nossa estratégia continuam como alvo, mas tivemos uma desaceleração dos projetos em negociação, porque entendemos que é hora de preservar caixa.”
Um dos motivos pelos quais a Wiz já vinha aumentando seu caixa é para participar do leilão que a Caixa fará para escolher uma nova corretora para ter exclusividade no seu balcão de seguros. O contrato atual, que prevê exclusividade com a Wiz, vai até 2021, ou até que seja realizado o certame. Peixoto diz que o processo tem sido conduzido com sobriedade pela Caixa, mas afirma ter a impressão de que, até mesmo em função da pandemia, não tem conseguido avançar como se esperava.
“A Caixa quer e precisa de excelentes parceiros privados. A Wiz tem a melhor operação de bancassurance. Mas é óbvio que pode chegar uma multinacional com dinheiro no bolso, custo de capital menor que o nosso e imaginar que tem condição de replicar o que a Wiz faz. Então eu não posso dizer que é uma situação tranquila”, comenta o CEO. Mesmo com os esforços de diversificação, o balcão da Caixa ainda representou 69,8% da receita da Wiz no primeiro trimestre.
Sobre a Wimo, a joint venture com a Galápagos para a oferta de home equity, Peixoto diz que a demanda cresceu muito recentemente, com empresas e pessoas físicas em busca de crédito para atravessar a crise. “A demanda está em mais de duas vezes o que a gente previa quando o produto foi lançado, em dezembro. Mas estamos muito mais criteriosos na concessão em função do momento que estamos vivendo.”
Ele não abre números, mas reforça que o mercado de home equity tem potencial de crescer 20 vezes nos próximos dez anos e que a Wiz quer ser um dos principais players. Ele afirma que, com a crise, muitos participantes pequenos, entrantes e fintechs reduziram a concessão, por falta de recursos e capacidade de captar, o que ajudou a aumentar a demanda na Wiz. “Mas preferimos não ser agressivos, ter prudência para entender o momento e esperar os próximos meses para avaliar a situação. Mesmo assim, nossa estratégia continua, devemos terminar o ano como um originador de crédito importante.”