Mercado brasileiro deve ver queda em número de insolvências

Recuperação cíclica da economia, somada à redução de preços de mercado e a baixa inflação, são principais responsáveis pelo otimismo

Em 2019, duas a cada três empresas no mundo devem apresentar aumento no número de insolvências, e as falências nos negócios devem crescer pelo terceiro ano consecutivo (+ 6% a/a). No entanto, na contramão mundial, o Brasil, assim como os Estados Unidos, coloca-se como uma das principais exceções dentro desse cenário. Esses são dados da pesquisa econômica The View, de janeiro de 2019, realizada pela Euler Hermes, líder mundial em seguro de crédito e especialista em seguro garantia.

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De acordo com o estudo, enquanto o mercado americano não apresentará variação no número de insolvências, o Brasil apresenta diminuição de seis pontos percentuais nas expectativas de falências e inadimplências em 2019. A expectativa se torna ainda mais otimista em comparação ao índice global, que deverá ser de +6%.

A recuperação cíclica e a redução de preços de mercado são apontadas como os principais fatores para a expectativa otimista. “Apesar da estagnação na economia, com taxa de desemprego de 11,6%, o custo dos salários deve se manter estabilizado”, explica Georges Dib, economista da Euler Hermes. “O choque dos preços de insumos em 2018, por conta do efeito combinado da alta no valor do petróleo e da greve dos caminhoneiros, também está desaparecendo. Esses fatores, somados à baixa inflação (3,8% em dezembro), poderão tornar a vida do empresário brasileiro mais fácil em 2019”.

Por fim, os custos de financiamento estão em baixa, assim como as taxas de empréstimo para empresas, que estão no nível mais baixo em quatro anos. “A taxa soberana apresenta a maior baixa dos últimos dez anos (8,7% contra 12,5% do ano passado), o que ajuda a fazer pressão sobre os custos de empréstimos corporativos. A política de taxas de juros também está em baixa recorde (6,5%) e não se espera que o Banco Central limite sua política monetária esse ano”, completa Dib.

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Ainda de acordo com a pesquisa, a expectativa é que países como Portugal, Grécia e Irlanda também não apresentem aumento no número de insolvências de suas empresas. Já outros mercados, como chileno, sueco e britânico, devem apresentar aumento de, respectivamente, 13%, 10% e 9%. Os números elevados se dão por conta do enfraquecimento do momento econômico, somado ao aperto global das condições de financiamento.

Reformas serão necessárias

No entanto, dúvidas permanecem quanto à sustentação desse declínio em insolvências no Brasil, já que muitos riscos permanecem. 11 em cada 18 setores brasileiros são classificados como de alto risco, um cenário delicado em comparação à média mundial de quatro em cada 18 setores. Antes que as empresas possam começar a colher os frutos da recuperação cíclica da economia, o especialista da Euler Hermes defende que serão necessárias reformas para melhorar o ambiente empresarial, como o sistema da previdência social, que deve restabelecer confiança em longo prazo.

“As reformas ajudariam a colocar as insolvências de volta em tendência decrescente sustentável. No entanto, nós continuamos a crer que o panorama da reforma é desafiador dado os problemas de governabilidade e potencial instabilidade da plataforma política do novo presidente brasileiro”, finaliza o especialista. “Reformas diluídas ou um impasse político acabariam com a lua de mel de Bolsonaro e poderiam provocar volatilidade no mercado, o que levaria a um aumento no prêmio de risco do Brasil, ampliando assim os custos de empréstimos corporativos”.

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