Newton Queiroz: Momento é ideal para ampliar a indústria de seguros

Confira artigo do CEO da Europ Assistance Brasil

No mês passado, o JRS promoveu uma semana inteira focada em temas relacionados às inovações para a indústria de seguros. O evento contou com várias personalidades do setor, além de tocar em diversos temas de grande importância a todos.

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Na ocasião, tive a oportunidade de participar do painel ‘Uma Nova Indústria de Seguros’ – juntamente com colegas de peso (Adilson Lavrador, Daniel Arena, Giovanni Balen e Pedro Mattosinho). O encontro foi excelente e trouxe diversas reflexões sobre a fase que vivemos e que esperar do futuro.

Porém, ao final do painel, continuei pensando no tema e, claro, associei diretamente a Nova Indústria com um Novo Mercado.

O que isso significa?

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Basicamente é a visão de que entre todas as mudanças que estão ocorrendo é um momento ideal para ampliar a indústria e, com isso, o setor segurador criar um novo mercado – de fato -, ou seja: produtos que ainda não existem para pessoas que não comprar serviços relacionados a proteção (seja seguro, seja assistência ou outro).

Claro que este desenvolvimento não vem sem um custo de se abrir o mercado, tentativa e erro, custos de marketing e estudos e tantos outros. Isso em um momento em que a indústria tem sua margem reduzida drasticamente o que, naturalmente, dificulta investimentos de médio em longo prazo.

Mas o fato é que o mercado atual está cada vez mais competitivo, com novos canais de distribuição, custos extras, sinistralidades em alta e outros fatores. Todos que levaram, justamente, a redução das margens da indústria. Isso tem sido uma tendência, ano após ano.

Estamos em um momento em que algo terá de mudar para termos um mercado sustentável e de qualidade para todos os envolvidos na nossa cadeia de serviços.

Se a opção for de focar no que temos hoje (com seu crescimento natural), a tendência de consolidação de empresas, retração no quadro de colaboradores e diminuição na inovação de produtos pode se tornar uma realidade em um futuro não muito distante – onde o mercado terá que modificar no sentido em que exista lucro suficiente para todos os envolvidos na indústria – e não o que temos hoje em dia.

Por outro lado, sabemos que ainda temos (como indústria) fôlego para aguentar mais algum tempo (até mesmo porque as taxas dos investimentos voltaram a subir e isso ajuda na consolidação de resultados). E, se conseguirmos balancear o foco no hoje para gerar o fluxo econômico necessário em cada empresa, mas reservar parte dos recursos para o desenvolvimento de um novo mercado real conseguiremos não apenas manter os atuais players, como também trazê-los de volta ao lucro e ainda criar espaço para inúmeras novas empresas dentro da indústria de seguros.

Isso não acontecerá do dia para noite e, sim, faz parte do que chamo de transformação contínua (algo que sempre defendi e busco implementar tanto no trabalho como na vida pessoal). Isso nada mais é do que focar no hoje e no futuro em curto e médio prazo (deixo o longo prazo de fora dada a velocidade das mudanças atuais).

Apenas para ilustrar: se cada empresa dedicasse 70% de seus recursos para o hoje (com foco em manter o fluxo necessário atual), 20% no desenvolvimento de projetos de curto prazo (que serão testados em até 12 meses e, dependendo de seu resultado escalado ou não) e 10% em exploração para o futuro em médio prazo (projetos conceituais, dos quais alguns tornaram-se projetos de curto prazo) – isso feito de forma contínua – gera um fluxo transformacional contínuo e que, além de trazer benefícios à indústria, poderá englobar um novo público para fazer parte da realidade de serviços de proteção privada. Este movimento é muito necessário há tempos em nosso país, ainda mais no momento atual.

Qualquer dos caminhos escolhidos não será simples e, muito menos, com ventos tranquilos. Ambos trazem incertezas.

No Novo Mercado, por exemplo, existe um número de variáveis desconhecidas maior – o que aumenta a incerteza e leva à pouca aderência nesta busca.

Do outro lado, existem também as incertezas no mercado existente e as certezas que tínhamos ontem, mas mudam hoje e assim por diante. Ou seja. Temos uma sensação de algo mais estável, mas será que realmente é?

Eu, particularmente, acredito que é melhor desenvolvermos um Novo Mercado – até mesmo pela baixa penetração dos produtos de proteção em nosso país. O desafio está sob a mesa e a questão agora é de que lado cada um estará, ou seja, quais serão os desbravadores neste cenário?

O futuro nos trará a resposta de qual foco obteve um melhor resultado. Acredito que será muito interessante rever este artigo em 12, 24, 36 ou 48 meses – justamente para comparar com o cenário do momento de cada tempo mencionado para ver para qual lado a balança tem pendido.

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