O desafio em formar uma nação financeiramente educada e consciente

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Tema finanças concentra um dos maiores déficits da educação financeira

Com processos desiguais em educação, o Brasil começa a despertar para a importância em formar jovens financeiramente educados e conscientes. Com este objetivo, a Associação de Educação Financeira do Brasil (AEF-Brasil) inaugurou seu Polo de Educação Financeira no Estado do Rio Grande do Sul, durante a 6ª Semana Nacional de Educação Financeira, campanha em nível nacional que aconteceu durante o mês de maio.

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O polo gaúcho contará com um Curso de Aperfeiçoamento em Educação Financeira, dividido em 180 horas de aulas. O objetivo é oferecer formação em educação financeira para professores em diversas regiões do país, ampliando a conscientização da população. Cláudia Forte, superintendente da AEF-Brasil, explica melhor sobre a iniciativa que visa expandir ainda mais a consciência sobre o assunto.

1) Um dos maiores déficits da educação brasileira é justamente quando se fala em finanças. Qual sua perspectiva diante deste cenário?

O Brasil tem processos bastante desiguais quando o assunto é educação, há problemas que vão desde questões básicas, como a infraestrutura mínima, que é deficitária, formação de professores adequada, valorização da carreira do professor, e outros, cenários que não permitem o mínimo de aprendizagem dos alunos, deixando o Brasil entre os últimos do PISA (Programa Internacional de Avaliação de Alunos – uma avaliação internacional que mede o nível educacional de jovens de 15 anos por meio de provas de Leitura, Matemática e Ciências). Para além dos conteúdos básicos, a escola ainda carece do desenvolvimento dos conteúdos para a vida, como educação financeira e para o trânsito, entre outros. A boa notícia é que foi aprovada a BNCC (Base Nacional Comum Curricular), que trás justamente esses e outros conteúdos, permitindo, pela primeira vez um desenvolvimento mais integral dos currículos escolares. O desafio agora é implementar a BNCC em todas as escolas públicas do País.

2) A Semana de Educação Financeira desperta a relevância de pensar sobre o assunto. Na medida em que o País ainda enfrenta um de seus piores quadros econômicos da história, qual a relevância desta ação?

Dados da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo referentes a abril dão conta que 62,4% das famílias brasileiras estão endividadas no período. Portanto, ainda temos muito a amadurecer quando o assunto é educação financeira e a Semana ENEF cumpre um papel importantíssimo na missão de popularizar o assunto e fazê-lo chegar ao maior número possível de brasileiros. Com isso, avançamos rumo ao objetivo principal de instituições como a AEF-Brasil, que é contribuir para formarmos uma nação financeiramente educada e consciente. Em 2018, a Semana ENEF realizou quase 7.000 ações que envolveram 280 instituições e alcançaram mais de 4 milhões de pessoas em todo o Brasil. Este ano, o número de iniciativas aumentou e foram mais de 13 mil ações em todo o país, entre palestras, seminários, cursos, entre outras ações, realizadas com o propósito de ensinar as pessoas a se planejarem melhor e estabelecerem uma relação mais saudável com as finanças.

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3) Que outros mecanismos podem ser utilizados para que a bandeira da educação financeira possa conseguir a adesão de mais brasileiros?

Acreditamos no potencial dos professores como multiplicadores da educação financeira e temos diversas iniciativas voltadas à capacitação desse público, afinal, eles fazem parte da vida de milhões de crianças de jovens em todo o país que, por sua vez, também podem replicar em suas famílias os ensinamentos adquiridos no ambiente escolar. Conhecemos diversas histórias de alunos que conseguiram transformar positivamente as finanças de casa junto com seus pais.

Uma das ações que merecem destaque é a consolidação dos Polos Estaduais para a formação dos professores, estabelecidos por meio de acordo de cooperação técnica entre Secretaria de Estado, Universidade Federal e AEF-Brasil. Atualmente, temos forte atuação nos estados da Paraíba, Tocantins, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, cuja a formação coloca o professor como protagonista no desenvolvimento da temática em toda a comunidade escolar em todo seu estado.

Além disso, temos na plataforma Vida e Dinheiro, cursos gratuitos para professores, com destaque para o Finanças sem Segredos, produzido pela TV Escola e com certificado, livros dos ensinos fundamental e médio para professores e alunos, websérie R$ 100 Neuras e o game de educação financeira Tá O$$O. Um completo portfólio para que o professor possa utilizar em sala de aula.

4) Como surgiu a ideia de inaugurar o primeiro Polo de Educação Financeira do RS?

O Polo de Educação Financeira do RS faz parte da estratégia da AEF-Brasil para atuar em rede e disseminar a educação financeira em todo o território nacional, capacitando professores da rede pública na temática de educação financeira.

O Curso de Especialização em Educação Financeira é um projeto da AEF-Brasil em parceria com a Secretaria da Educação do Estado do Rio Grande do Sul e a Universidade da Fronteira Sul, que oferece Especialização em Educação Financeira para professores da rede pública.

De acordo a Base Nacional Comum Curricular, deve-se inserir de forma transversal a educação financeira nas demais disciplinas da escola, como Português, História e Geografia, para alunos do Ensino Fundamental e Médio. Por isso, desde 2017 estamos com este projeto de realizar parcerias com as secretarias e as universidades federais para ofertar o curso para os professores. A iniciativa começou em Tocantins, depois realizamos em Minas Gerais, seguimos para a Paraíba, até chegarmos ao Rio Grande do Sul. Centenas de professores já foram impactados e temos o objetivo de alcançar ainda mais docentes.

5) A AEF-Brasil está presente em quais regiões? Comente um pouco sobre o trabalho desenvolvido pela instituição.

Estamos presentes em todos os estados brasileiros e, além do trabalho na comunidade escolar, também temos o programa de educação financeira para adultos, com os públicos de aposentados com renda de até dois salários mínimos e mulheres beneficiárias do Bolsa Família.
O nosso trabalho visa o desenvolvimento de tecnologias sociais e educacionais que promovem no cidadão brasileiro, sejam adultos, crianças ou jovens em idade escolar, um comportamento financeiro saudável e consciente. Para o desenvolvimento dessas tecnologias nos pautamos em rigorosos métodos de construção que tem o objetivo de garantir resultados efetivos às organizações que aderirem ao seu uso.

6) Como a tecnologia pode ser aliada no despertar de um novo cenário econômico-financeiro, de modo a reduzir este índice de endividamento das famílias brasileiras?

A tecnologia proporciona inclusão e dá a necessária capilaridade para expandir os programas de educação financeira em um País com dimensões de continente como o Brasil, é muito importante que as estratégias de educação financeira contemplem recursos tecnológicos que fazem parte da vida das pessoas, pois assim crescem as possibilidades de alcançar o público alvo e fazer com que ele traga o assunto para o seu cotidiano. Um exemplo entre as nossas iniciativas nesse sentido é o game “Tá O$$O”, que lançamos no começo do ano em parceria com a TV Escola. O jogo é voltado a crianças e jovens de 7 a 18 anos, uma faixa etária que, como sabemos, é muito conectada às tecnologias e fala a mesma língua do adolescente. A ideia é que, a partir dele, o usuário possa estimular sua reflexão sobre as escolhas financeira feitas no presente e como elas impactarão no futuro.

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