O papel da infraestrutura de mercado para o desenvolvimento do seguro no Brasil

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FGV e BMG Seguros reuniram experts para debater o assunto em webinar

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Atrair financiamento para fazer frente a um programa de investimentos em projetos de infraestrutura é um dos principais desafios para as companhias executarem as grandes obras necessárias para o desenvolvimento do Brasil. Nesse sentido, uma regulação robusta e orientada para negócios, em conjunto com a interconexão entre o mercado de seguros e as empresas, é essencial para que ocorra um salto de investimento no setor.

Este foi o foco da discussão dos especialistas participantes no evento virtual realizado pelo Grupo Economia da Infraestrutura & Soluções Ambientais da Fundação Getúlio Vargas, em parceria com a BMG Seguros.

Para Otávio Damaso, diretor de Regulação do Banco Central, o papel do regulador, tanto no sistema financeiro quanto no securitário, é tornar ambos cada vez mais eficientes e sólidos. “No Banco Central buscamos assegurar que isso ocorra em todas as suas dimensões, incluindo custos, serviços, processos de inclusão de usuários e competitividade”, conta.

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“Estamos fazendo um intercâmbio muito intenso com todos os players, a fim de padronizar e dar unicidade às informações dentro do sistema, que resulte em maior segurança para as partes, com potencial de negócios para o próprio sistema financeiro. O processo de inovação vai acontecer de qualquer forma e cabe ao regulador encarar essas inovações como oportunidade”, pondera Damaso.

Jorge Sant’Anna, diretor-presidente da BMG Seguros, ressalta a solidez, transparência e resiliência do sistema financeiro brasileiro, que surpreende investidores estrangeiros. “Em 2007, quando falei sobre sistema de registros – em Nova York e Londres –, contando que todos os derivativos de balcão no Brasil eram registrados, ninguém acreditou. Mas, na crise econômica que veio a seguir, em 2008, o Brasil reagiu muito bem, graças a esse sistema que desde então permitia uma visão mais aprofundada do problema”.

O papel da infraestrutura de mercado para o desenvolvimento do seguro no Brasil / Reprodução
O papel da infraestrutura de mercado para o desenvolvimento do seguro no Brasil / Reprodução

O executivo chamou atenção também para o custo inicial de supervisão em infraestrutura. “Eu vejo essa questão como um falso dilema, pois o investimento inicial se diluirá muito rapidamente e será convertido em condições positivas de mercado, como flexibilidade, segurança e capacidade de se fazer negócios”, avalia.

A superintendente da Susep, Solange Paiva, destacou a importância do sistema de registro da instituição, que passa por um rápido processo de evolução, a fim de facilitar a atuação do regulador, do segurador e, principalmente, do consumidor.

“Queremos atender as demandas da sociedade, regulamentando o mercado para permitir o desenvolvimento de produtos inovadores e voltados para um mundo muito tecnológico. A base para isso é o sistema de registro de operações e a tecnologia.”, diz. “Nesse sentido, muito além de dados, é fundamental termos a informação organizada, com padrão e granularidade, que sirva como subsídio para a inovação. Se faltar informação para precificar o risco, o valor certamente ficará maior para o segurado, a fim de evitar prejuízo para o segurador”, exemplifica Solange.

Para o consultor Sérgio Odilon, o sistema de registro é uma experiência comprovada de sucesso, que ajudou o Brasil na crise de 2008, por exemplo, chamando inclusive a atenção dos Estados Unidos na época. “Portanto, a solidez e a total segurança do sistema financeiro como um todo serve, hoje, como base para o segmento de seguros no importante processo que está em andamento na Susep”, diz.

“Eu vejo o sistema de registro como o elo que permite essa ligação de mercados, pois ele aumenta a segurança, a transparência e a agilidade nos negócios; reduz custos e riscos de judicialização, elimina fraudes, traz benefícios para o regulador, para o regulado e para o cliente, e ainda melhora a precificação das operações e viabiliza a criação de novos produtos. Ou seja, não tem como não alcançar o sucesso”, analisa Odilon.

Gesner Oliveira, coordenador do Grupo de Economia da Infraestrutura & Soluções Ambientais da FGV, finaliza o debate frisando a importância de se modernizar o mercado financeiro, a cadeia de seguros e, em última análise, promover o que pode levar o Brasil ao crescimento sustentável, que é o salto no investimento em infraestrutura. “Sou adepto da defesa da concorrência, sei da importância de reduzir custos de transação, ampliar mercado e reduzir barreiras de entrada. E isto é o que foi tão bem ilustrado pelos participantes do nosso debate”, encerra Oliveira.

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