O poder do tête-à-tête

Confira artigo do executivo da Agrifoglio Vianna Advogados Associados, José Pedro Vianna Zereu

Na minha visão, não existe nada mais efetivo para uma empresa do que boas conversas individuais, olho no olho, entre o líder e seu colaborador. Muitas informações de extrema importância são captadas nas entrelinhas desses bate-papos. As pausas na fala, os trejeitos e as reações espontâneas frente a perguntas profundas e importantes dizem muito sobre o empenho, o engajamento e a percepção que os envolvidos na conversa têm do ambiente de trabalho.

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Para construção de um alinhamento e de uma visão objetiva e clara dentro de uma equipe é preciso conhecer cada um de seus membros. Cada membro, mesmo que possa não parecer, é de extrema importância para a integralidade do todo. Por vezes, uma pessoa que está à margem e parece não influenciar muito os resultados, pode surpreender e se tornar um excelente estrategista. Ou, ao contrário, gerar um prejuízo inesperado.

Quantas vezes você já se surpreendeu com uma notícia reveladora sobre a empresa para qual presta serviço, ou sobre um colega que tinha planos nunca manifestados? A falta de conexão por meio de conversas verdadeiras é um dos motivos que tornam essas informações surpresas inesperadas que acabam causando confusões desnecessárias na gestão de pessoas.

Podemos pensar que na gestão de pessoas temos dois principais mindsets de liderança. Um deles se baseia no comando e controle, onde as conversas giram apenas em torno dos dados de produtividade e que normalmente não gera a conexão e o engajamento. O outro, de autonomia e confiança, onde as conversas são fundamentais para gerar união, verdade e consequente abertura para que ambos possam não só prevenir “surpresas desagradáveis”, como também planejar e acompanhar projetos de médio e longo prazo com maior tranquilidade.

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Outros benefícios das conversas individuais periódicas são: o reforço do propósito, visão e valores da empresa; o surgimento de ideias que não seriam apresentadas em grupo por timidez; e a inovação, na medida em que há um entendimento do porquê são realizados determinados procedimentos de determinadas maneiras.

O reforço do propósito é de suma importância para que fique claro o motivo pelo qual o trabalho está sendo realizado. Essa premissa básica da administração infelizmente poucas vezes é impressa nas reuniões de delimitação de metas. A clareza tanto desse propósito quanto da visão do que a organização está vislumbrando, naturalmente, faz brotar nas pessoas uma maior vontade de participar ativamente das dinâmicas procedimentais que se apresentam ao longo da jornada.

O benefício das ideias. Muitas vezes, ideias que podem facilitar processos internos ficam apenas na roda de conversas informais entre àqueles que estão operacionalizando todo o trabalho no dia a dia. Todos sempre têm uma fórmula mágica para resolver os maiores desafios da empresa, mesmo que não tenham uma visão macro de todo o processo. E não é que às vezes essas ideias são boas mesmo… Dar a oportunidade para as ideias serem levadas a sério resulta ou em uma explicação do motivo daquela ideia não ser possível de implementar ou a análise mais minuciosa de um possível novo formato de trabalho, de uma nova estratégia. Ambas me parecem ótimas. A primeira faz com que o colaborador amplie sua visão e entenda um pouco mais da empresa. A segunda é uma consultoria interna de quem está com a mão na massa. Também nessas conversas se percebem habilidades latentes que, por vezes, estão sendo buscadas em uma nova contratação.

E a inovação. Quando se escuta com atenção como é realizado o trabalho, seja ele estratégico ou operacional, conseguimos mensurar o tempo que ele leva, o quão ágil e eficiente está sendo o realizador, se há cuidado e um pensamento de prevenção de danos. Se o aprendizado foi rápido e superficial, ou lento e profundo. Todas essas informações sobre as pessoas se apresentam nas conversas significativas que temos.

Mas o mais importante disso tudo é mesmo a confiança que é gerada à medida que as conversas se tornam regulares. Para tanto, precisamos abrir nossos corações para uma escuta sincera e presente. Sem competitividade, sem tentar vencer com argumentos, ou ter razão.

“depois que conquistamos a confiança dos liderados e criamos vínculo emocional, ganhamos o grande prêmio “permissão para elogiar e criticar.”

Gustavo Casarotto, Reinventando a Gestão de Pessoas

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