Open Insurance traz desafios e oportunidades para o mercado brasileiro de seguros

Prazos e falta de discussão sobre a implementação da novidade estão entre obstáculos a serem enfrentados pelo ecossistema

Quais serão os impactos do Open Insurance para os stakeholders do mercado segurador? Essa é uma questão desafiadora, dado o prazo de implementação da novidade – até a metade de 2023. Por isso, a Capgemini reuniu seu time de especialistas e contou com a presença de Fabio Dragone, Diretor de Digital Inovação, CRM e CX do Grupo Bradesco Seguros, para abordar a jornada de transformação e de oportunidades para o setor diante deste cenário em um webinar, no começo de setembro.

Publicidade

Dragone destacou que ainda é preciso haver maior compreensão sobre diversos pontos da implementação do Open Insurance. “Algumas coisas estão um pouco atropeladas nesse processo. É preciso compreender o que seria a seleção diversa, seleção de riscos, os exemplos geralmente estão relacionados ao Open Banking e também existe concorrência com outras demandas legais de modernização do mercado, como o Sistema de Registro de Operações (SRO) – que demanda muito esforço de diversas áreas das seguradoras. Claro que inovação sempre vem para o bem e uma coisa está relacionada com a outra, mas o prazo certamente traz um risco para a implementação”, disse o especialista.

Fabio Dragone é Diretor de Digital Inovação, CRM e CX do Grupo Bradesco Seguros / Reprodução
Fabio Dragone é Diretor de Digital Inovação, CRM e CX do Grupo Bradesco Seguros / Reprodução

O Brasil é o primeiro país do mundo a regulamentar o Open Insurance, mas – ainda assim -, o mercado carece de muitas discussões sobre a implementação do modelo que será utilizado pelo Sistema Aberto de Seguros.

Fabio Dragone enfatizou que o cliente será o maior beneficiado pela novidade. “O cliente será o maior beneficiado. O mercado busca eficiência para reduzir custos e melhorar processos. É claro que isso tudo passa por quais dados o cliente está disposto a compartilhar e quais benefícios serão oferecidos em troca disso. Ou seja. O cliente será ainda mais empoderado, o que casa muito bem com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), que veio para organizar muito melhor esses dados e regulamentar esse processo”, comentou. O especialista também reforçou a visão da Bradesco Seguros em apostar nos profissionais da corretagem. “A companhia acredita muito, já pratica e quer acelerar ainda mais o atendimento ao cliente da forma como ele deseja. Existem diversas gerações de clientes e o futuro passará pela digi intermediação, onde são mescladas a conveniência do universo digital com a consultoria dos corretores. A tecnologia traz facilidades para todos os envolvidos no processo e, com a distribuição de seguros, não é diferente. Por isso é importante termos o corretor de seguros cada vez mais capacitado e que tenha tecnologia à disposição para que trabalhe na oferta dos melhores negócios para eles, para os clientes e para a seguradora”, acrescentou.

Publicidade

Gustavo Leança, Head de Soluções de Seguros da Capgemini, demonstrou o potencial disruptivo da chegada do Open Insurance. “Do ponto de vista regulatório, a novidade trata-se do compartilhamento personalizado de dados e serviços por meio da abertura e integração de sistemas (APIs) no âmbito dos mercados de Seguros, Previdência Complementar Aberta e Capitalização”, afirmou ao citar a Resolução do Conselho Nacional de Seguros e Previdência (CNSP) 415. “Para as empresas é um novo ambiente competitivo, altamente baseado em dados e, inclusive, com novos participantes, como as Sociedades Iniciadoras de Serviços de Seguros, por exemplo”, projetou.

Leança acredita que o ponto central está na hiperpersonalização das soluções e na monetização de conhecimento. “É um ambiente competitivo para o mercado, com decisões direcionadas por dados, mas que trazem maior conhecimento em relação aos clientes, melhoria nos processos. Os canais de distribuição precisam de tecnologia e as insurtechs encontrarão um ambiente mais colaborativo, com maior acesso à dados (para quem estiver no processo de Sandbox, por exemplo)”, justificou ao apresentar exemplos mundiais de novidades relacionadas a serviços, formação de marketplaces e até mesmo à saúde financeira dos clientes que foram implementadas com o Open Banking na Europa e no Reino Unido.

“Serviços, monetização e inovação tem os dados como matéria prima, mas também existem desafios relacionados aos legados antigos, base de dados redundantes, cadastros com baixa qualidade e dificuldade de comunicação com o cliente”, citou o Head de Soluções de Seguros da Capgemini ao demonstrar as oportunidades para o mercado brasileiro.

Gustavo Leança, Head de Soluções de Seguros da Capgemini; e Bernardo Caldeira, Gerente de Soluções Digitais da Capgemini / Reprodução
Gustavo Leança, Head de Soluções de Seguros da Capgemini; e Bernardo Caldeira, Gerente de Soluções Digitais da Capgemini / Reprodução

Já Bernardo Caldeira, Gerente de Soluções Digitais da Capgemini, demonstrou que as iniciativas de dados têm potencial de valor crescente ao recapitular a evolução da utilização de dados para tomada de decisões. “É possível simular, prevenir e otimizar com a análise prescritiva. Por isso, é preciso conectar a engenharia de dados e a fundação das plataformas com consultoria em gestão, além do uso de ciência de dados e inteligência artificial para que todo o potencial desses dados seja utilizado”, complementou ao demonstrar os pilares para implementação dos projetos de Open Insurance – que passam por diversas questões, como a estruturação do sistema, arquitetura em nuvem e escalável e visualização de dados consistentes para realização de análises, por exemplo.

Além disso, o momento contou com uma mesa redonda sobre o tema – que além de Leança e Dragone, também contou com a participação de Cauê Moresi, Head de Insights & Data da Capgemini, e Silvio Dantas, Diretor e Head do AIE Brasil da Capgemini. “Precisamos trabalhar em uma transformação de dados”, resumiu Gustavo Leança. Neste sentido, Moresi traçou um breve panorama do que é praticado atualmente no mercado, enquanto que, Dantas falou sobre a preparação do cenário para a implementação do tratamento de dados nas companhias.

Artigos Relacionados