Pirâmide financeira: especialista alerta para não cair em golpes
Marcelo Cambria tem 22 anos de experiência em finanças e mercado financeiro
Você provavelmente já foi abordado – principalmente nas redes sociais – por pessoas que querem mostrar uma “oportunidade única” para incrementar a renda ou que oferecem ganhos rápidos a partir de um investimento. São as chamadas “pirâmides financeiras”. Mas não se engane: trata-se de um golpe que faz muitas vítimas.
O especialista em investimentos, professor e coordenador de pós-graduação da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (Fecap), Marcelo Cambria explica que o golpe atrai muitos adeptos devido a oportunidade de ganhos rápidos e vultuosos.
No sistema da pirâmide financeira, a principal receita é a remuneração pela indicação de novos membros. As vítimas são atraídas pela oportunidade de aportar recurso, ganhar lucros muito acima daqueles que são possíveis dentro das condições habituais do mercado.
“Isso impressiona muito quem cai no golpe. É uma estrutura financeira que parece investimento, mas na prática não funciona desta forma já que não haverá recursos para todos em um eventual saque generalizado de todos os integrantes. É um produto que promete e não entrega, porque ele é baseado em crescimento permanente da base: quem entra financia os participantes mais antigos mas, como não gera rendimento, a estrutura não se sustenta”, explica Cambria.
O percentual de ganho prometido é muito relativo. “Há pirâmides que prometem ganhos fixos mensais de até 4%, o que é inviável. Nada entrega retorno geométrico garantido ao mês e ao ano nessa magnitude”, diz.
As pirâmides financeiras são divulgadas de maneira sutil em redes sociais. “A chamada é sempre algo que você vai investir, trazendo argumentos de credibilidade. Geralmente está associado a bens de luxo como casas e viagens, alguém com sucesso, mostrando performance, e que quer dividir expertise com quem entrar no segmento”.
A crise financeira decorrente da pandemia do novo coronavírus aumentou a janela de oportunidade para quem cria essa estrutura e marketing fraudulenta. “Quem tem recursos ou perdeu uma parte, vê nessa oportunidade uma forma de repor perdas relevantes ou viver de renda mensal. Mas é o contrário, você perde tudo”.
Os fraudadores, no geral, não têm autorização de órgãos como o Banco Central (Bacen), Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) ou Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para atuarem como gestores ou assessores de investimentos.
Contudo, apesar deste cenário de fraude extrema, é possível recuperar uma parte ou todo o dinheiro perdido.
“O fraudador certamente será processado e intimado a devolver o recurso. Ele dará como resposta que era uma atividade lícita, mas teve perdas. O que não é verdade, os recursos, todo ele ou uma parte, são usados para benefícios próprios”, reitera Marcelo Cambria.
Como alerta, o especialista reforça que as pessoas desconfiem de ganhos fáceis. “Isso não existe, não acredite. Se houvesse ganho fácil, todos que participam já estariam ricos e você já teria ouvido isso antes. Duvide sempre e não deixe se impressionar”, finaliza.