Pix avança no Brasil e mercado financeiro reage de modo positivo

Mudanças desafiam gestores e provocam transformações digitais nas empresas

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As inúmeras mudanças causadas pela pandemia do Covid-19, diariamente, desafiam gestores e provocam transformações digitais nas empresas – que necessitam cada vez mais de agilidade. Com isso, a nova ferramenta desenvolvida pelo Banco Central (BC) para efetuar transações bancárias instantâneas, o Pix, resulta em impacto positivo para o mercado financeiro.

O objetivo é facilitar transações financeiras entre pessoas, empresas e órgãos do Governo, em operações que duram poucos segundos. O Pix ajuda a acelerar a digitalização dos pagamentos e a inclusão financeira no Brasil – o que é de extrema importância. Neste cenário de profundas transformações, a Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi) realizou, nesta semana, a live “Pix: Novos Negócios, Oportunidades & Cuidados com a Segurança”.

Na abertura, o mediador Cleber Martins, Consultor de Operações da Acrefi, reforçou a adesão da Acrefi ao movimento “Panela Cheia Salva”, uma mobilização nacional para arrecadar alimentos com apoio da União SP e da UNESCO. “Nós que trabalhamos com crédito, diariamente, tentamos manter a balança da integridade sempre equilibrada. Com a pandemia e seus desdobramentos nestes 14 meses de duração, ficou ainda mais difícil manter este equilíbrio”, disse. Ele ressaltou que a população está sofrendo com a crise econômica, com o desemprego, a recessão e a regressão de políticas sociais. “São 19 milhões de brasileiros que não vão ter o que comer hoje e, se nada for feito, o país pode voltar ao mapa da fome”, lembrou. Por estes motivos, de acordo com ele, a Acrefi, em um trabalho conjunto com seus associados, está engajada com a mobilização. “Nós queremos convidar a todos para participarem com a gente desta campanha.”, explicou Martins, mencionado que “ trata-se de uma mobilização nacional para arrecadar alimentos com apoio da União SP da Central Única das Favelas (CUFA), organização brasileira reconhecida nacionalmente nos âmbitos político, social, esportivo e cultural”.

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Antes de sua fala sobre o PIX, Carlos Eduardo Brandt, Chefe-Adjunto do Departamento de Competição e de Estrutura do Mercado Financeiro do Banco Central do Brasil comentou sobre a importância da campanha. “É importante a gente exercer a nossa cidadania neste momento em que muita gente está sofrendo os efeitos da pandemia. Não só por aqueles perderam seus parentes e entes, mas por aqueles que agora tentam sobreviver aos impactos da crise. E o PIX tem muito a ver com estes movimentos, até por conta da sua facilidade para que as pessoas possam contribuir com a causa”, comentou Brandt.

Brandt, que liderou o processo de implantação do Pix no Brasil e está à frente da Gerência de Gestão e Operação do PIX, acompanhou em números mais 76 milhões de pessoas físicas que se cadastraram na solução até março e mais de um bilhão de transações já foram realizadas. “Os números indicam uma adesão massiva da população e, mês após mês, a adesão é crescente. Nossa preocupação é de inclusão, independente do manejo tecnológico – para que todos possam optar em participar dessa agenda evolutiva. Se pudéssemos traduzir toda essa agenda – frisaria esse caráter universal, ou seja, o PIX possibilita todo tipo de pagamento – tanto para pessoa física quanto jurídica. A agenda de 2021, como pano de fundo, têm esse caráter de fortalecimento da ferramenta”, ponderou.

O executivo do Banco Centra alertou que, a partir do início deste ano, houve uma curva de amadurecimento do uso do PIX. “Estamos vendo essa curva de aprendizado e, essa agenda evolutiva, aponta esse uso cada vez mais crescente. Teremos o QR Code off-line como uma das formas de facilitar transações, dentro deste conceito da agenda evolutiva”, divulgou.

O chefe-Adjunto do Departamento de Competição e de Estrutura do Mercado Financeiro do Banco mencionou que, diariamente, há um trabalho contínuo para que o PIX fique cada vez mais seguro. “O PIX é cada vez mais um instrumento universal, multi proposta – que movimenta transações no País. A ferramenta foi criado para ser um meio de pagamento bastante amplo. Qualquer pagamento ou transferência que hoje é feito usando diferentes meios (TED, cartão, boleto etc.), pode ser feito de maneira segura e eficiente no Pix”, enfatizou.

Leandro Bartolassi, Superintendente Executivo de Crédito e Fraude no Banco Original e que atua na área de Segurança Corporativa desde 2009, reforçou que o olhar do Banco Original para o PIX é com viés de evolução de negócios. “Temos esse propósito com olhar na facilidade do cliente. Em relação a fraudes, é preciso praticar a segurança de forma intensa – não só em áreas específicas, mas que englobe todos os colaboradores. Por sermos um banco 100% digital, a segurança está inserida no DNA. A entrada do PIX, sem dúvidas, impacta em desafio para área de segurança. A ferramenta cria novos negócios e oportunidades – e toda essa questão do nível de segurança – é acompanhada de perto. Hoje temos o DNA de cada cliente, podendo determinar suas características de transações e, se sair desse perfil, o leque de camadas de segurança (com criptografia, análise de comportamento), nos possibilita uma ação mais próxima”, ponderou Bartolassi, mencionando que “o PIX veio para separar os homens dos meninos na questão da segurança, uma vez que exige forte compreensão do mercado de uma transação boa para uma fraudulenta – exigindo o menos possível de fricção e risco das áreas”.

Bartolassi ponderou que o PIX recorrente, diretamente, diminuirá a fraude por boletos. “Ele permite criar formas diferentes – até mais robustas – contribuindo com a identificação do cliente. Também, temos a biometria facial como forma de reduzir o número de operações fraudulentas. Isso nos possibilita um número de golpes bem mais baixo para a instituição – ou seja, ela também traz ao cliente uma sensação de segurança plena”, disse.

De acordo com ele, a autenticação não ocorre apenas pelo reconhecimento facial. “A biometria e o reconhecimento facial são de extrema importância para validar as transações. Mas nós temos embarcadas na plataforma formas de validação que o cliente nem fica sabendo que está sendo ‘autenticado’. Desta forma, é possível autorizar transações sem que o usuário faça a detecção de que está sendo avaliado”, explicou. “Importante fazer uma ressalva: a biometria tem características que precisam ser validadas e, no momento que ela não é, nós precisamos criar processos com outros níveis de autenticação que garanta a agilidade daquela transação. Esses são os grandes desafios”, ilustrou.

Martins ponderou sobre a necessidade de uma comunicação efetiva para melhorar a segurança de forma geral. “Muitas pessoas ainda caem em golpes financeiros e quando os bancos criam ferramentas que não sejam fluidas, com vários fatores de segurança, há algum tipo de fricção com relação a informação sobre a funcionalidade. Nossa batalha como profissionais do mercado financeiro é comunicar melhor sobre estas coisas. Nós só vamos ganhar este jogo com comunicação, inclusão financeira e social e boa experiência para o cliente. Então é preciso olhar para o todo e garantir que os negócios continuem de forma sustentável”, comentou.

Brandt destacou que nas próximas etapas, a implementação do Pix internacional, também permitirá a transferência em tempo real de recursos do Brasil para o exterior – e esses avanços estão em pleno vapor. “Teremos também o Saque PIX, agora no segundo semestre e com consulta pública para ouvir a sociedade com previsão de publicação até a próxima semana, que permitirá a retirada de dinheiro sem que se precise ir em um caixa eletrônico”, comentou. Sobre o atual cenário, com implantação da LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados), Bartolassi acredita que Open Banking deve ser a próxima revolução financeira. “Vai trazer uma disputa sadia pelos clientes e o ganho será deste usuário final, pois ele poderá escolher com mais agilidade em qual instituição financeira vai abrir a sua conta, ou contratar um empréstimo. Basta autorizar que os dados sejam ‘abertos’ para o banco”, ponderou.

“Na questão da segurança, cabe aos bancos convencerem os clientes a depositarem sua confiança com relação a disponibilidade dos seus dados. Acredito que isto será um caminho sem volta. Vai ter uma competição entre as instituições e o ganhador será o cliente”, continuou Bartolassi. “Quando se fala em LGPD é preciso trazer tranquilidade aos clientes e garantir a privacidade”, completou.

Dentre os temas debatidos na live, o PIX Cobrança, Conta Salário, Melhoria da Experiência do Usuário, Saque PIX, Duplicata no PIX, Prevenção a Fraudes e as novas oportunidades de negócios, uma vez que o sistema tem conexão com outros projetos da agenda BC#. Temas como o Open Banking, Duplicata eletrônica tiveram atenção ao longo do debate.

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