Presidente da CNseg participa de encontro pelos 97 anos do SindSeg PR/MS
Lideranças apontam que ainda há muitas dúvidas em relação à implementação do open insurance
O Sindicato das Seguradoras do Paraná e Mato Grosso do Sul (SindSeg PR/MS) comemora 97 anos em grande estilo. Inaugurou ontem, 25, seu programa de tevê, via canal do YouTube, com o webinar “Cenários Econômicos: oportunidades e desafios para o mercado segurador”, que contou com a participação dos Presidentes da Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg), Marcio Coriolano; da Bradesco Seguros, Ivan Gontijo, e do CEO da HDI, Murilo Riedel.
Mediador do evento, o jornalista Carlos Alberto Sardenberg fez uma análise do atual cenário macroeconômico do Brasil e trouxe ritmo ao debate de temas cruciais do setor de seguros, como open insurance, sandbox e novas regulamentações. Ele ressaltou o cenário complexo dos agentes do mercado financeiro com relação ao crescimento do Brasil. Boa parte do mercado estava otimista com o desempenho da economia brasileira, acreditando que com o andamento da vacinação e o bom desempenho de alguns setores da economia ajudariam o PIB avançar. “Com as reformas administrativa e tributária, a expectativa era que o PIB crescesse até 6%. Sem elas, 2%”, comentou. “Temos um grande dilema em seguros: todos querem plataformas abertas e cambiáveis, transitar de uma para outra. Mas ao mesmo tempo, queremos proteção de dados. Como combinar a proteção de dados? Tem de haver abertura ao mercado em geral e ao mesmo tempo proteção de dados e privacidade. Não é fácil o que está por acontecer”, comentou o jornalista.
Dito isso, Sardenberg pediu aos participantes para falarem sobre open insurance, sandbox, LGPD e ameaças ao setor. Todos eles concordam que o open insurance já era uma realidade do mercado segurador, mas que agora contará com mais tecnologia por meio das plataformas e vai trazer benefícios aos consumidores. Também é unânime entre eles que ainda há muitas incógnitas quanto ao modelo de negócios.
“Todos falam agora de marketplace, mas isso já existe há tempos em seguros. O que se coloca hoje é o componente tecnológico. Isso não veio para modificar grandes coisas do mercado, pois por trás disto tudo está o consumidor, que é quem toma a decisão do que fazer. Com quem quer comprar e quais dados que quer compartilhar”, afirma Coriolano.
Segundo o presidente da CNseg, há uma preocupação grande em relação ao sigilo das informações que, em caso de falhas, pode ter impactos muito negativos no setor, principalmente depois da entrada em vigor da LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados). “O governo terá de cuidar bem para garantir efetivamente a proteção dos dados dos segurados. Este é um patrimônio das seguradoras que investiram por anos para captar clientes, analisar os dados e assim ter um diferencial competitivo de oferta. Os dados também são um patrimônio dos clientes e por isso precisam ser preservados”, acrescentou.
O presidente da Bradesco Seguros destacou que há ainda uma série de questões a serem debatidas, principalmente no que diz respeito à governança. “Temos ainda pontos a serem debatidos nas normas. Como assegurar a proteção e o bom uso dos dados e informações dos nossos clientes para efeitos comerciais. Esse é um ponto de atenção fundamental para que se possa operar na plenitude no novo modelo”, ressaltou.
Gontijo ressaltou que o setor já é open. “Os investidores podem fazer a portabilidade dos planos de previdência há tempos. E este modelo funciona muito bem”, citou. Segundo ele, o setor está no meio do caminho. “Vivemos o que eu chamo de modelo “fisidigital”. Embora o processo de transição para meios digitais esteja em curso acelerado, não podemos nos esquecer da grande parcela de clientes que permanecem no mundo analógico e precisam ser igualmente entendidos e atendidos com a mesma dedicação e eficiência”.
O CEO da HDI foi no mesmo caminho. “Os dados já são compartilhados pelos consumidores, estas informações precisam ter proteção”, disse ele. Com uma visão pragmática, Riedel afirmou que o setor investiu muito dinheiro na análise de dados e todas as seguradoras estão equipadas com sistemas analíticos. Esta transparência gerou matéria prima para o desenvolvimento de matrizes de precificação de produtos eficientes.
“Tal sofisticação trouxe concorrência e margens apertadas. Por isso, minha visão é que já temos um mercado transparente. Já funciona de uma forma aberta, sem instrumentalização tão eficiente, mas os dados transitam. As plataformas estão disponíveis, não acreditamos que possam ser desenhados produtos diferentes do que são ofertados”, afirmou.
O presidente do Sindicato, Altevir Dias do Prado, promete trazer muito conteúdo de qualidade para levar conhecimento sobre o setor de seguros para a sociedade por meio do novo canal no YouTube. Todos parabenizaram Prado, que está no comando do Sindicato desde fevereiro de 2020, impondo um ritmo de inovação e inclusão que sucede figuras carismáticas como Mario Petrelli e João Gilberto Possiede, que, segundo ele, com toda a competência de ambos, criaram uma organização sindical como ferramenta para disseminar a cultura de seguros no Brasil.