Primeiro trimestre registra 12,6% de aumento nas notícias de incêndios estruturais

Monitoramento diário de ocorrências de incêndios no País, realizado pelo Instituto Sprinkler Brasil, contabilizou 588 reportagens

O primeiro trimestre do ano foi marcado por um salto nas notícias de incêndios estruturais. É o que revela levantamento do Instituto Sprinkler Brasil, organização sem fins lucrativos que tem como missão difundir o uso de sprinklers nos sistemas de prevenção e combate a incêndios em instalações industriais e comerciais no País. Por meio do monitoramento diário de notícias de incêndios no Brasil, o Instituto conseguiu capturar 588 ocorrências de incêndios estruturais nos primeiros três meses deste ano, representando alta de 12,6% ante o mesmo mês do ano anterior, quando foram registradas 514 notícias.

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Os números representam uma alta progressiva em comparação com janeiro de 2021 e 2020, quando foram capturadas 561 e 281 reportagens, respectivamente. “Este trimestre já traz uma alta quantidade de ocorrências de incêndio pelo Brasil. Temos acompanhado casos em shoppings, indústrias, teatros, hospitais e outras edificações. Entendemos que esses incêndios tradicionalmente acontecem por problemas de qualidade de equipamento, falta de manutenção, erros de projetos e de instalação, problemas de treinamento da mão de obra e falta de interesse, de modo geral, dos proprietários na proteção contra incêndio, que fazem somente o mínimo necessário para ser aprovado pelos bombeiros”, diz Marcelo Lima, consultor do ISB.

Os sinistros contabilizados são os chamados “incêndios estruturais”, ou seja, aqueles que poderiam ter sido contornados com a instalação de sprinklers e ocorreram em depósitos, hospitais, hotéis, escolas, prédios públicos, museus, entre outros. O ISB não inclui nas estatísticas os incêndios residenciais, que apesar de também serem incêndios estruturais, não são objeto de acompanhamento porque a legislação de segurança contra incêndio não se aplica a residências unifamiliares, onde acontece o maior número de ocorrências.

A legislação de prevenção e combate a incêndios é estadual e está atualizada. A de São Paulo é uma das mais avançadas do País e serve de modelo para grande parte do Brasil. “A questão está em aplicá-la corretamente”, explica Marcelo Lima.

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“O estado exige a instalação de sistemas de incêndio, mas não faz qualquer exigência quanto ao nível de qualidade dos equipamentos. Não há certificação, exceto para extintores. Com isso, temos sistemas instalados por todo o Brasil que atendem plenamente à legislação, mas que provavelmente não funcionarão e isso só será descoberto no pior momento, durante uma ocorrência de incêndio”, conclui Lima.

Uso de sprinklers ainda é tímido

Em pesquisa realizada pelo Instituto Ipsos junto a empresas multinacionais e de capital nacional com mais de 250 funcionários a pedido do ISB, revelou que o grau de adoção de sprinklers nas empresas é baixo. Apenas 36% das 300 companhias entrevistadas pelo Ipsos disseram contar com sistemas deste tipo em suas instalações.

O levantamento mostrou ainda que apenas 14% das entrevistadas disseram contar com sistema deste tipo em todas as suas unidades e 22% declararam contar com o sistema em apenas algumas unidades operacionais.

O estudo detectou que o uso de sprinklers é maior entre as multinacionais. 48% das empresas estrangeiras, com operações no país, ouvidas pelo levantamento, disseram ter sprinklers em suas operações. Entre as empresas nacionais, o índice é de 34%.

O porte também influi na aderência a este tipo de tecnologia. O índice de uso sprinklers em empresas com mais de 500 funcionários é de 45%. Entre empresas menores, com 250 a 499 funcionários, o percentual é de 28%.

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