Semana do Meio Ambiente: População aponta motivações e barreiras para visitação de parques

Pesquisa do Instituto Semeia mostra que mais pessoas afirmam frequentar parques urbanos para encontrar amigos e praticar exercícios desde o início da pandemia

A crise sanitária causada pela pandemia alterou de forma significativa as motivações para a visitação dos parques urbanos. Essa é uma das perspectivas da pesquisa “Parques do Brasil 2022 – Percepções da População”, lançada pelo Instituto Semeia, organização sem fins lucrativos que atua para a valorização das unidades de conservação do país. Em sua terceira edição, o estudo faz um raio-X das motivações e barreiras para a visitação dessas áreas.

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Em comparação com o mesmo estudo realizado em 2019, mais pessoas afirmaram visitar esses equipamentos para caminhar (46% para 52%), encontrar amigos (29% para 36%) e levar as crianças para passear (de 32% para 36%). Por outro lado, a motivação para assistir a “shows e eventos culturais” caiu de 24% para 16% entre as pessoas que frequentaram os parques. Os dados foram coletados em julho de 2021 (informações sobre a metodologia ao final do texto).

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“As variações indicam que, durante a pandemia, os parques urbanos podem ter funcionado como áreas de descompressão para a população. Ao proporcionarem vivência ao ar livre e contato com a natureza esses espaços serviram como uma espécie de refúgio em um momento onde os encontros e reuniões foram muito desestimulados, principalmente em lugares fechados”, comenta Fernando Pieroni, diretor-presidente do Instituto Semeia.

Na pesquisa, questões de logística e de falta de estrutura adequada foram mencionadas como as principais barreiras para a visitação dos parques urbanos. Para 36% dos entrevistados, a distância dos equipamentos em relação à sua casa é um impedimento para frequentar esses locais. Além disso, 12% consideram que o passeio sai caro, levando em consideração itens como transporte, comida e estacionamento.

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No que diz respeito a infraestrutura, falta de segurança (16%), banheiros e instalações ruins (15%), horários de funcionamento (10%) e má iluminação à noite (8%) são os entraves mais citados. “Esses apontamentos representam a expectativa da qualidade da experiência. O planejamento, o esforço e o investimento para uma visita devem ser recompensados pelo desfrute de uma experiência que, pelo menos em questões básicas, seja positiva”, ressalta Pieroni.

Em relação aos parques naturais, as principais motivações para a visitação estão diretamente ligadas a uma atitude positiva diante do contato com a natureza. Já as barreiras para a visitação de parques naturais foram analisadas em dois grupos: pessoas que já visitaram e as que nunca visitaram esse tipo de parque.

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Para aqueles que já visitaram esse tipo de parque, os principais entraves para visitas mais frequentes são o alto custo de viagem (40%), a distância (25%) e o custo elevado de hospedagem (22%). Em seguida, aparecem questões como falta de informações sobre atividades que podem ser realizadas no local (15%) e falta de informações sobre esse tipo de parque (13%).

O alto custo de viagem (53%), a distância (36%) e o custo elevado de hospedagem (24%) também figuram como as principais barreiras para aqueles que nunca visitaram parques naturais. Completam a lista falta de informação sobre esse tipo de parque (10%), preferência por outros destinos (10%) e falta de informações sobre atividades que podem ser realizadas neste tipo de local (9%).

“As barreiras para visitação são praticamente as mesmas tanto para quem já frequenta quanto para aqueles que nunca frequentaram um parque natural: custos, distância e falta de informação. Nesse sentido, assim como nos equipamentos urbanos, a comunicação pode ter peso importante para uma maior frequência em parques naturais. A necessidade de informação deveria ser suprida com comunicados que apresentassem alternativas para esse segmento, mostrando, inclusive, que é possível visitar parques naturais com custo igual ou menor a outras viagens e passeios comumente escolhidos pelos brasileiros”, complementa Fernando Pieroni

Visitação nos parques

Enquanto a frequência de visitantes aos parques urbanos não apresentou grandes alterações durante a pandemia, podendo-se notar inclusive um aumento na visitação esporádica no período, os parques naturais sofreram queda na visitação.

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O percentual de pessoas que afirmam ter feito sua última visita a um parque natural nos 12 meses que antecederam a pesquisa passou de 53% para 27%. Entre as pessoas que já visitaram um parque natural na vida (66%), a declaração do hábito de visitação apresentou alterações consideráveis entre 2019 e 2021. A proporção daqueles que regularmente faziam visitas várias vezes por ano (intensa) passou de 32% para 22%. Essas pessoas que diminuíram as visitas se dividiram entre uma frequência média (28% para 33%) e mais esporádica (40% para 45%).

A imagem dos parques

A pesquisa também buscou entender “o que vem à cabeça das pessoas” quando falamos sobre parques, sejam eles naturais ou urbanos. Para essa avaliação, foram apresentados nove benefícios dos parques e os respondentes informaram se concordavam ou discordavam de cada afirmação.

Como se pode observar, as maiores concordâncias foram relacionadas ao lazer e à prática de exercícios físicos. 87% concorda que os parques proporcionam lazer e relaxamento aos frequentadores, enquanto 86% concordam que ele oferece lazer, preserva as paisagens e belezas naturais e contribui para a saúde física e mental. Apenas um item obteve concordância abaixo de 80% (valorizam a cultura local), e mesmo assim num patamar ainda bastante elevado (77%).

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Na investigação sobre a percepção de possíveis aspectos negativos que a presença de parques pode acarretar, foram avaliados sete itens. Desses, em apenas dois casos a maior parte dos respondentes concorda que a presença dos parques traz tal consequência indesejável. São os itens: A visitação dos parques “gera muito resíduo” (67%) e “oferece passeios limitados à determinadas classes sociais” (56%).

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Os parques ‘mais conhecidos’

A pesquisa do Instituto Semeia apresentou aos entrevistados uma lista com 16 parques nacionais, o que equivale a 22% do total no país. A quase totalidade (97%) conheceu algum parque natural a partir da lista apresentada ou mencionaram algum nome espontaneamente.

O Parque Nacional da Chapada Diamantina (BA) foi o mais citado, com 55%. Na sequência, com 50%, aparecem o Parque Estadual da Serra da Cantareira (SP) e o Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha (PE).

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A maioria dos brasileiros mostra conhecer também algum parque urbano: 81% dos entrevistados mencionaram espontaneamente o nome de pelo menos um desses espaços – no total, foram citados 151 parques diferentes. O Parque Ibirapuera, em São Paulo, alcançou o maior percentual de lembrança dentro de sua própria região (62%), além de ser o único mencionado por respondentes de todas as outras regiões pesquisadas.

Percepções sobre as parcerias

O cenário favorável às concessões/parcerias em parques permanece em 2022. Segundo o estudo, 56% concorda que as concessões/parcerias podem melhorar os parques naturais. Nos parques urbanos, o percentual é de 63%.

Sobre a pesquisa

A coleta dos dados aconteceu entre os dias 8 e 29 de julho de 2021 em 10 regiões metropolitanas. Foram realizadas 1.541 entrevistas com margem de erro total de 2,5 pontos percentuais. Os resultados foram ponderados para que cada segmento em cada uma das dez regiões correspondesse à proporção efetivamente encontrada na população. Dados oficiais fornecidos pelo IBGE (PNAD e Censo) foram utilizados tanto para o desenho da amostra quanto para estabelecer os fatores de ponderação. Após a coleta, as perguntas abertas foram codificadas e os dados processados e analisados.

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