Seminário debate investimentos do Brasil em infraestrutura

Encontro foi promovido pelo BTG Pactual, JLT e Nelson Wilians & Advogados Associados

Os participantes do Seminário de Infraestrutura, promovido pelo BTG Pactual, JLT e Nelson Wilians & Advogados Associados, foram unânimes em afirmar que é preciso pensar o planejamento dos investimentos a longo prazo. O momento contou com a presença de diversos especialistas, economistas e apresentação do ministro Nelson Jobim.

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Roberto Sallouti é CEO do BTG Pactual
Roberto Sallouti é CEO do BTG Pactual

“Já sabemos o que não fazer. Muitos projetos foram escanteados nos últimos anos. É preciso pensar a longo prazo e dar continuidade aos projetos já iniciados”, afirmou Roberto Sallouti, CEO do BTG Pactual.

Sallouti ainda reforçou a necessidade do desenvolvimento de condições para que o setor privado participe mais dos projetos de infraestrutura. “Outra questão se dá pelo desenvolvimento do mercado de capitais, de modo a fomentar o financiamento de projetos”, reiterou. “Precisamos ser competitivos. Nosso intuito é construir uma agenda para o Brasil, pois é necessário manter o ritmo crescente de investimentos no desenvolvimento do País”, finalizou.

Alvaro Eyler é CEO da JLT Speciality Brasil
Alvaro Eyler é CEO da JLT Speciality Brasil

A fala do CEO do BTG Pactual foi complementada por Alvaro Eyler, CEO da JLT Speciality Brasil. “Grandes obras precisam de soluções inovadoras e ‘Tailor-made’ (sob medida)”, disse.

Nelson Wilians é presidente da Nelson Wilians & Advogados Associados
Nelson Wilians é presidente da Nelson Wilians & Advogados Associados

Já Nelson Wilians, presidente da Nelson Wilians & Advogados Associados, acredita que a infraestrutura é fundamental, mas não a única coisa para um país. “Espero que o ciclo ruim tenha ficado para trás”, criticou em alusão aos governos anteriores. “Vejo um sentimento de otimismo começando a tomar conta de todos”, completou.

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A programação contou com a presença do economista Ricardo Amorim, que traçou uma breve análise sobre o cenário político-econômico na América Latina. “O Brasil não está em uma posição de destaque em nenhum dos índices internacionais sobre o desenvolvimento de infraestrutura e transportes. O crescimento econômico é a justificativa para o investimento em novos e grandes projetos do setor”, explicou.

O economista Ricardo Amorim
O economista Ricardo Amorim

Segundo Amorim, a boa notícia é que isso começou a acontecer. “É importante também que haja disponibilidade de capital para o financiamento de projetos. Apesar do momento de alta dos juros no cenário internacional, o índice é muito baixo para os padrões. No Brasil, temos a Selic no patamar mais baixo da história. Outro ponto de destaque é o avanço das relações do nosso País com os Estados Unidos. Ainda é cedo afirmar se isso trará negócios para o Brasil. Os chineses também estão ansiosos para financiar projetos de infraestrutura”, traçou. O destaque a China dá-se porque grande parte dos investimentos chineses em fundos de reserva dos EUA estão migrando para o fomento de infraestrutura, grande parte com enfoque na América Latina.

Ricardo Amorim ainda criticou o número de engenheiros formados no Brasil, quando comparado com o tamanho da população. A regulamentação, segundo o especialista, é o grande “tendão de aquiles” que precisa ser resolvido. “Quando fala-se em economia as regras básicas do jogo não mudam, isso independe do governo, seja de direita ou de esquerda”, resumiu ao apresentar uma análise geral sobre o momento de México, Venezuela, Colômbia, Argentina e outros países latino-americanos.

“Políticas que criem mais estabilidade são fundamentais para o setor de infraestrutura”, disse Amorim ao comentar sobre a ascensão do liberalismo econômico.

Outro ponto relevante é a reforma previdenciária, considerada por Ricardo Amorim o grande “buraco” das finanças públicas brasileiras. “A reforma tributária também é necessária, mas mexe com questões dos governos estaduais, que estão endividados e tentando renegociar suas situações”, justificou.

Sobre o cenário brasileiro, Amorim vê Paulo Guedes como o grande fiador da crença em que o governo de Jair Bolsonaro promoverá o liberalismo. “Estou surpreso pois Bolsonaro, até então, tem se mostrado aberto à sugestões, ouvir. Ainda é cedo para afirmar isso com clareza, mas vai contra minhas expectativas iniciais”, revelou ao considerar o período Dilma ‘atípico’.

“Apesar de Michel Temer ter sido alvo de grandes escândalos como Delação da Odebrecht, JBS, bunker do Geddel e a Greve dos Caminhoneiros, o Brasil conseguiu crescer duas vezes e meia acima do que os economistas projetaram para 2017. Isso demonstra que dificilmente o quadro de crescimento seja revertido por um presidente recém-eleito”, analisou.

“A hora de aproveitar é agora. Estamos no período de recuperação que precede o da prosperidade. O movimento de baixa da inflação leva à recuperação do consumo, dos investimentos e do crescimento. Tudo isso é favorável ao setor de infraestrutura”, traçou Ricardo Amorim.

Para o economista existem algumas possibilidades que podem indicar o futuro do Brasil. “Ou a crise econômica global projetada para os próximos anos é muito pior, ou Bolsonaro demonstra-se incompetente, ou ainda o Brasil cresce acima do projetado”, apontou.

Ricardo Amorim discorda da opinião de que a crise traz a oportunidade. “Ela traz é o problema. O que cabe à nós e criarmos essa oportunidade. No entanto, é preciso manter o cuidado com alavancagens excessivas. Existem oportunidades e possibilidades melhores, mas elas não acontecerão sozinhas”, encerrou.

O ministro Nelson Jobim
O ministro Nelson Jobim

O cenário macroeconômico brasileiro foi apresentado por Eduardo Loyo, economista e sócio do BTG Pactual. Já Tatiana Moura, Vice-Presidente de Ricos de Garantia e CPS da JLT, e Nelson Wilians, Presidente da NW Advogados, com moderação de Carlos Andreazza, debateram Garantia e Project Finance com enfoque em infraestrutura.

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