‘Síndrome da Cabana’ e os efeitos da pandemia no dia-a-dia das pessoas

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Transtornos de saúde mental afetam mais de 60% da população durante a crise sanitária

Em 2017, quando nunca imaginávamos estar vivendo uma crise sanitária como a da atual pandemia, a Organização Mundial da Saúde (OMS) apontava o Brasil como o quinto país em casos de depressão no mundo. À época, quase 6% da população brasileira era afetada por algum transtorno de ansiedade e depressão.

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Em 2021, o Brasil passou a liderar os casos de depressão e ansiedade durante a crise de Covid-19, segundo pesquisa realizada pela Universidade de São Paulo (USP), em onze países, que indica 63% da população sofrendo de ansiedade e 59%, de depressão.

Para Elaine Di Sarno, psicóloga e neuropsicóloga da USP, a pandemia tem se apresentado como um evento traumático que chegou de forma abrupta na vida das pessoas e que parece não ter fim com as variantes que surgem a todo instante. “Os brasileiros estavam acostumados a ver pela TV povos orientais usando máscaras no dia a dia. De repente, nos vimos também tendo que usar máscaras quando achávamos que essa era uma situação muito distante para nós. A maioria das pessoas conhecia pandemias somente pelos registros históricos – peste bubônica, gripe espanhola, então, é muito difícil aceitar a realidade e quando ela bate à porta, trazendo medo, pânico, levando entes queridos e amigos, forçando um distanciamento social para um povo que é de beijos e abraços, isso gera crises de ansiedade, depressão e tantos outros problemas de saúde mental”, explica a profissional.

O transtorno de ansiedade é marcado por sintomas como: dificuldade de concentração, problemas no sono e preocupação excessiva, ou seja, a pandemia é altamente propícia para quadros de ansiedade. Esses sintomas podem levar ao quadro depressivo, caracterizado por alterações no humor, como apatia, solidão, tristeza, além de dores físicas sem justificativa.

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Elaine Di Sarno explica que a pandemia também levou a problemas de saúde mental gerados pelo Burnout emocional. “O esgotamento físico e mental diante do trabalho no formato home office, a interrupção do ensino presencial, limitação de não poder ir e vir, tarefas de casa, redução de salário, medo da perda de emprego e o excesso de informações em tempo real sobre a pandemia, são situações que geram estresse, ansiedade, insônia. Tudo isso cria um desequilíbrio interno, a pessoa acaba sendo levada ao seu limite, físico e/ou emocional, sentindo-se extremamente cansada, com poucos momentos de descanso ou descontração”, conta a psicóloga e neuropsicóloga.

Outro fator que tem potencializado crises de ansiedade e quadros de depressão está ligado ao medo e insegurança, o que chamamos de “Síndrome da Cabana”, quando se desenvolve um quadro de tanto pavor de se contaminar no mundo exterior, um medo muito grande de sair de casa, que leva a pessoa a se isolar mais ainda, propiciando até mesmo situações de Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC), por exemplo, em relação à higienização com água e sabão e/ou álcool 70%.

Para Elaine Di Sarno, é importante o indivíduo estar atento aos sinais de problemas de saúde mental durante a pandemia, observar se houve mudança do seu comportamento nos últimos meses, se antes da pandemia a pessoa não se sentia tão triste e agora percebe essa tristeza de forma mais frequente, por exemplo.

O apoio da família é fundamental, além da orientação profissional de um psicólogo e/ou psiquiatra. Atualmente, o serviço remoto por atendimento online está liberado pelos órgãos responsáveis, o que é uma saída para ajudar as pessoas a lidarem com tantas adversidades lá fora que mexem profundamente lá dentro de cada um de nós.

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