Valorização do real ameaça recuperação
Moeda brasileira tem alta de 23,3% em sete meses, segundo levantamento do BIS
O Banco Internacional de Compensações (BIS) revelou que o Real foi a moeda com maior valorização no acumulado nos sete primeiros meses deste ano. Só no mês passado, a moeda brasileira, em um grupo as sessenta analisadas, obteve a segunda maior alta de julho, ficando atrás apenas do Rand, da África do Sul, que teve alta de 6,8%. Outras moedas que tiveram valorização relevante foram a chilena (3,9%), a russa (3,1%), a australiana (2,4%) e a colombiana (1,2%). No acumulado do ano, a moeda brasileira apresentou uma forte valorização de 23,3%, com apreciação superior à do Iene, do Japão, que valorizou em 15,3% e ao Peso Colombiano, que no período registrou alta de 13,8%.
Assim, a valorização do Real corrói uma importante fonte de retomada da economia via exportações e agudiza o atual cenário para as indústrias no país instaladas. Nos últimos meses, a balança comercial de produtos manufaturados vinha apresentando resultado positivo. No entanto, a onda de forte apreciação da moeda brasileira tende a reverter esse resultado com efeito deletério sobre a retomada do emprego e da demanda, uma vez que os produtos brasileiros perdem competitividade no exterior e o mercado doméstico passa a ser alvo de uma maior entrada de produtos internacionais.
É importante destacar, assim como aponta o relatório, que o processo em curso não é recente. De maio a julho, o Real acumulou valorização de 10,7%, sendo que nesse período a apreciação do Real é expressivamente maior do que as duas moedas com maior valorização após a brasileira, a saber, o Rublo russo (6,9%) e Iene japonês (6,4%). Diferentemente, a Libra Esterlina encabeçou o grupo de moedas que depreciaram no período, com desvalorização de 6,5%, seguida pelo Peso mexicano (-5,9%) e o Yuan chinês (-3,6%).