Open banking elimina fronteiras e cria mais opções de serviços para clientes, dizem Capco, Tecban e Midway

Webinar reuniu executivos para discutir desafios e potencialidades da implantação da novidade no Brasil

Em cerca de 45 dias, entra em operação a segunda fase do open banking, quando os clientes poderão permitir às instituições financeiras com que trabalham que compartilhem seus dados com outras entidades, para compararem produtos e serviços e escolher quais vão comprar. Esse processo está rapidamente ganhando corpo em bancos, fintechs, varejistas e outros players não-tradicionais, abrindo um horizonte de oportunidades e desafios em termos estratégicos, tecnológicos e estruturais para as empresas. No entanto, para o consumidor as vantagens ficam cada vez mais evidentes: o aumento substancial da concorrência entre os provedores de serviços financeiros pode aumentar a inclusão bancária efetiva, o sortimento de produtos e serviços financeiros, a facilidade na comparação das ofertas e a melhoria da experiência.

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Esses foram alguns dos pontos discutidos no “Capco Talks: Open Banking – Impactos e Oportunidades no Mercado Brasileiro”, webinar promovido pela Capco, consultoria global de gestão e tecnologia dedicada ao setor de serviços financeiros, com apoio do Inovabra Habitat. O evento teve a participação de Rogerio Melfi, especialista em Novas Plataformas/Open Banking da Tecban, Alexandre Borges, Gerente de Tecnologia Sênior do grupo Midway/Riachuelo, e de Luciano Sobral, diretor executivo da Capco. A mediação ficou a cargo de Manoel Alexandre Bueno e Silva, Head do Capco Digital Lab São Paulo.

“O Brasil ainda temo um alto volume de pessoas desbancarizadas. Me refiro não apenas a ter conta, mas ao acesso efetivo a produtos e serviços financeiros. O open banking será uma janela de oportunidade para inclusão e oferta de novos produtos e serviços financeiros, aliado ao aumento de concorrência”, disse Luciano Sobral, diretor executivo da Capco.

Para Alexandre Borges, da Midway/Riachuelo, “além do varejo, os clientes serão os grandes beneficiados. Eles realmente estarão no centro e soberanos no compartilhamento de seus dados. Com isso, a análise de crédito também será mais assertiva e haverá uma melhora na oferta, que será mais rápida, barata e personalizada”. O executivo completou ainda que com o open banking, espera um crescimento do ‘bank as a service’ e a oferta de produtos financeiros de diferentes provedores em marketplaces financeiros para o varejo.

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Já Rogério Melfi, da Tecban, ressaltou o impacto na área de APIs (Interface de Programação de Aplicações, em português). “Vejo o surgimento de um marketplace de APIs, no qual várias indústrias trocam informações e serviços”. Segundo ele, a mudança regulatória já impulsionou o uso de APIs de alguns grupos, mas as instituições poderão identificar ainda outros dados e serviços que podem ser compartilhados e monetizados. Por exemplo, se uma instituição financeira perceber que é mais forte na análise de dados e escoring de crédito, poderá compartilhar com o mercado justamente essas atividades e não apenas os APIs dos consumidores, disse. Isso permitiria às instituições que tiverem acesso aos dados dar um crédito mais justo pelo maior conhecimento do cliente, oferecendo também investimentos mais adequados e criando uma melhor experiencia. “Quando você pensa em PMEs, as oportunidades são maiores ainda em termos de produtos e serviços. Esse olhar do setor financeiro para o e-commerce e varejo fomenta um novo mercado de conectividade., disse Melfi.

O diretor executivo da Capco, Luciano Sobral, trouxe experiências de outros países com o open banking. Para ele, quatro fatores se destacam: primeiro o foco na melhoria da experiência do cliente desde o início. “Além da questão regulatória, o open banking dá margem a novos modelos de negócios”, afirmou. O segundo ponto é a alta complexidade do programa open banking. “Nunca subestime a complexidade de implementação do open banking, pois envolve estruturas, tecnologias, políticas de governança e vários stakeholders. Por fim, tenha estratégias de API, ou seja, se vai criar uma plataforma, buscar os parceiros certos, seja para desenvolvimento interno ou para uso de tecnologias já existentes”, afirmou.

Mudanças tão substanciais trazem, evidentemente, grandes desafios. O primeiro é colocar o sistema no ar, ainda mais levando em consideração a agenda acelerada de implantação e a falta de profissionais especializados no mercado. “Estamos falando de tecnologias que não são commodities e que têm elevado nível de padronização de APIs. Temos que colocar essa fundação no ar e ainda ir operando de maneira integrada. O segundo desafio é a estratégia, ou seja, o que se vai fazer com o open banking para melhorar a vida do cliente e como gerar renda para a instituição”, disse Alexandre Borges. Durante o webinar, os participantes apontaram ainda a questão da atenção à regulação não apenas do open banking, mas também da LGPD, à segurança cibernética e aos riscos comportamentais dos consumidores – como ocorre nos golpes com o Pix -, além da escolha dos parceiros certos.

Para Manoel Alexandre Bueno e Silva, Head do Capco Digital Lab São Paulo, as fronteiras entre diferentes setores, como o financeiro e o varejo, estão ficando cada vez mais tênues. Os clientes hoje buscam soluções completas, intuitivas e personalizadas, focadas em suas jornadas. “Este movimento depende de uma montanha de mudanças, inclusive de segurança e planejamento, por isso a parceria talvez seja a grande palavra do sucesso. O open banking vai trazer muita gente para o sistema financeiro e é uma grande oportunidade de personalização”.

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