49% dos empregados querem mudar de emprego no próximo ano

Aumento de demissões espontâneas é motivado pela busca de salários maiores e novos desafios

Em maio de 2021, uma onda de demissões de colaboradores qualificados, em busca de uma nova carreira, melhores condições de trabalho e qualidade de vida, foi identificada no mercado de trabalho norte-americano e denominada “the great resignation”, algo que, em português, pode ser traduzido como “a grande renúncia”. Uma sondagem feita pela Robert Half, primeira e maior empresa de recrutamento especializado no mundo, demonstra que, entre profissionais qualificados com mais de 25 anos, essa tendência também pode estar se desenvolvendo no Brasil.

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Entre 3 e 30 de novembro de 2021, a Robert Half ouviu 1.161 profissionais, igualmente divididos entre recrutadores, empregados e desempregados. Segundo o levantamento, 49% dos empregados pretendem buscar novas oportunidades em 2022. Questionados sobre a motivação da mudança, 61% pretendem mudar de empresa, mas querem permanecer na mesma área. Os outros 39% afirmaram ter interesse em uma nova área de atuação, mudança de segmento ou profissão.

“Nesse cenário, podemos trabalhar com duas hipóteses. Tanto de um movimento positivo, que se divide entre a busca de mudança de emprego e a vontade de empreender, quanto na ótica inversa, em que a desistência pode ser atrelada à insatisfação com o trabalho atual, dado que a pandemia trouxe maior pressão psicológica em relação à vida profissional”, afirma Fernando Mantovani, diretor-geral da Robert Half para a América do Sul.

Em ambos os casos, a busca dos profissionais ocorre em primeiro lugar, pela perspectiva de maior remuneração. Foi o que indicaram 37% entre os que querem mudar de empresa, e 31%, entre os que pretendem uma mudança de carreira. Os que buscam uma nova carreira em 2022 ainda apontaram como principais razões o desejo de inovar ou aprender algo novo (19%); a busca de realização pessoal (17%); e a expectativa de uma melhor qualidade de vida (12%).

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Na 18ª edição do Índice de Confiança Robert Half® (ICRH), a consultoria ainda demonstra, com base na análise do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), que 51% das demissões dos profissionais qualificados no terceiro trimestre ocorreram a pedido dos colaboradores qualificados, ou seja, de pessoas acima de 25 anos, que possuem curso superior completo e atuam no mercado de trabalho privado. “O que percebemos é que esse percentual vem crescendo trimestre a trimestre, indicando um importante movimento dos profissionais em busca de oportunidades mais alinhadas ao seu perfil e momento de vida”, afirma o diretor.

“Vale observar que a taxa de desemprego registrou queda no período, atingindo o menor percentual do ano e abaixo da registrada nos períodos pré-pandemia”, afirma Mantovani. “Embora ainda seja uma grande parcela da população, estimada em 12,6% no último trimestre, quando olhamos apenas para o recorte de profissionais qualificados, essa taxa de desemprego fica em 6,0%. Ou seja, a abertura de novas vagas e oportunidades é evidente, e os bons talentos estão cada vez mais disputados”, alerta o diretor.

Mantovani explica que, para se manter atrativas e competitivas nesse cenário, as empresas devem investir em políticas claras de trabalho, transparência das lideranças e um bom pacote de benefícios e remuneração, condizente com o mercado. “Sem dúvida, as pessoas são o principal ativo de uma organização. Isso fica ainda mais claro, desde que a maioria delas passou a atuar em modelo híbrido ou remoto. Os gestores não devem deixar para valorizar seus melhores talentos apenas na hora da saída. Esse é um desafio diário, para o qual a companhia deve ter um olhar estratégico. Usar do artifício da contraproposta, por exemplo, não é – nem nunca foi – a melhor estratégia de retenção”, conclui.

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