Taxa Selic deve cair apenas com a reforma da Previdência
Reunião do Copom decidiu pela manutenção da taxa básica em 6,5%
O Banco Central divulgou há pouco a decisão do Copom em manter a Taxa Selic em 6,5%. A manutenção do índice dá ênfase à fraca atividade econômica do Brasil no primeiro semestre, conforme a análise da economista Patricia Krause, da Coface Seguradora. Na visão da especialista, o tema “interrupção do processo de recuperação da economia”, que consta no relatório, dá a visão de que o Bacen irá aguardar a aprovação da reforma da Previdência para poder reduzir a taxa básica de juros. “Isso deve acontecer, provavelmente, na reunião de outubro. Ou até mesmo antes, em setembro, tudo depende da reforma”, explica.
As chances de alta no índice, na opinião de Patricia, são “remotas”. “Tanto por fatores domésticos quanto externos”, explica. Entre os fatores domésticos, a economista destaca que “a inflação segue bem controlada e a economia apresenta elevada ociosidade”. Entre os fatores externos relevantes, a especialista enfatiza que os Bancos Centrais dos países desenvolvidos (notadamente dos Estados Unidos e da Zona do Euro) já começam a sinalizar para possíveis cortes de juros, em resposta à desaceleração da atividade econômica mundial em curso (em parte consequência da guerra tarifária). “Hoje mesmo, o Fed (Banco Central Americano) em sua reunião de política monetária manteve a taxa referencial de juros no intervalo de 2.25%-2.5%, todavia a pesquisa com 17 representantes do Fed mostrou que quase metade espera agora pelo menos um corte no juro neste ano, com sete projetando duas reduções. Em março, nenhum deles previa diminuição na taxa de juro. Diante desta conjuntura, o banco central brasileiro só viria a elevar juros em um cenário de não aprovação da reforma da previdência (que não é nosso cenário base) causando uma forte desvalorização cambial. Mesmo assim, somente em caso de contágio para a inflação, já que o Brasil possuí uma posição externa favorável que mitigaria os efeitos de curto prazo na taxa de câmbio”, comenta.
A Taxa Selic é relevante por influenciar a taxa final de juros cobrada por bancos e, ainda, o custo de financiamento do governo. “Ainda existe um impacto defasado sobre a inflação e consumo, pois quanto maior a Selic menor o incentivo para o consumo e o maior incentivo para poupar”, analisa Patricia Krause. “Os investidores estrangeiros, na hora de alocarem seus recursos, estão sempre de olho em todos os mercados, sempre buscando uma combinação ‘ótimo’ entre risco e retorno. A redução da Selic, dado o mesmo risco soberano, por exemplo, reduz a atratividade para investidores estrangeiros de alocar recursos no Brasil”, finaliza.