Indústria brasileira deve ter diminuição no número de insolvências
Relatório Trimestral da Euler Hermes aponta que o Brasil vive momento de recuperação cíclica, com diminuição de 6% em inadimplências
Apesar do Brasil ter sido apontado pelo Country Risk Report (Relatório Risco País), realizado pela Euler Hermes, como um país sensível quanto ao risco de inadimplência, o Sector Risk (Relatório Setorial) demonstra uma recuperação cíclica e expectativa de diminuição de 6% em insolvências no país – taxa que vai na contramão da tendência mundial, mais pessimista.
Felipe Tanus, Diretor de Riscos da empresa líder mundial em seguro de crédito e especialista em seguro garantia, explica que o pico de altos custos ficou para trás. “Apesar da taxa de desemprego estar na casa dos 12%, as pressões salariais devem permanecer limitadas. Além disso, o choque dos preços de insumos de 2018, dado o efeito combinado dos preços do petróleo com a greve dos caminhoneiros, está enfraquecendo esse ano”. Sem a alta do valor do petróleo, uma tendência de desaceleração do índice de preços para o produtor é esperada ao mesmo tempo que a taxa de inflação permanece silenciada.
O relatório também aponta uma diminuição no custo de financiamento, uma vez que as taxas de juros estão em uma baixa de quatro anos. “A taxa soberana está em uma baixa histórica de 8,7% contra 12,5% de 2018. Essa é uma grande ajuda na redução de custos de empréstimos corporativos”, comenta Tanus. “Somamos isso ao fato de a taxa de juros também estar em baixa recorde de 6,5% e a expectativa de o Banco Central não apertar sua política monetária esse ano”.
No que diz respeito à receita, o relatório aponta uma aceleração modesta mas gradual, e o crescimento da taxa de crédito para empresas não financeiras é positivo novamente após três anos de contração.
Cautela é recomendada
Apesar do otimismo em relação às insolvências no mercado brasileiro em 2019, a pesquisa da Euler Hermes ressalta que dúvidas ainda permanecem em relação à sustentabilidade desse declínio. Apesar de uma notável melhora desde o último trimestre de 2017, Felipe Tanus ressalta que “o risco para a indústria brasileira continua relativamente alto”. 11 dos 18 setores brasileiros ainda são classificados como sensíveis, em comparação com a média de 4 de 18 setores no mundo. “Nenhum setor é classificado como ‘de baixo risco’ em comparação com a média de 2 dos 18 setores nos demais países da América Latina”.
Apesar da economia brasileira ainda não ter se recuperado da pior recessão de sua história, o relatório aponta que esse é o momento de as empresas colherem os frutos dessa recuperação econômica cíclica. “Reformas serão necessárias para melhorar o ambiente de negócios e restaurar o clima de confiança de forma duradoura. Isso ajudaria a colocar as insolvências em uma tendência de queda sustentável”, finaliza o diretor.