A Progressão dos perigos climáticos e a função do seguro
As mudanças climáticas estão remodelando a dinâmica global afetando não apenas o meio ambiente, mas também serviços essenciais como o saneamento básico. Um estudo do Instituto Trata Brasil, em parceria com a Way Carbon, revela que fenômenos climáticos extremos, como tempestades, ondas de calor e secas, podem prejudicar gravemente o abastecimento de água e o tratamento de esgoto no Brasil até 2050. Essa realidade ameaça a saúde e a qualidade de vida de milhões de brasileiros,o que acarreta perdas econômicas e sociais. De acordo com Rodolfo Bokel, sócio da Globus Seguros, essas mudanças podem resultar no aumento dos prêmios de seguros, tornando as apólices ainda mais inacessíveis, especialmente em áreas de alto risco, ampliando a vulnerabilidade das populações e exigindo uma reestruturação das políticas de cobertura no setor.
Para lidar com eventos climáticos extremos, as corretoras enfrentam desafios que exigem aprimoramento em suas metodologias. Segundo Rodolfo, as corretoras precisam aprimorar suas metodologias de avaliação de risco. “A necessidade de entender as mudanças climáticas e seus impactos exige que os profissionais do setor se capacitem continuamente. Isso inclui treinamento sobre novos produtos, regulamentações para máxima mitigação de riscos. É fundamental informar aos clientes sobre esses eventos e a importância de ter uma cobertura adequada”, afirma.
Mesmo com a crescente conscientização, várias apólices ainda possuem brechas importantes relacionadas aos desastres. “Muitas apólices tradicionais não cobrem adequadamente episódios, como inundações ou incêndios florestais, ou impõem limites que podem não ser suficientes para cobrir os danos reais. Algumas apólices têm exclusões específicas relacionadas a desastres naturais ou mudanças climáticas, deixando os segurados sem proteção em situações críticas”, alerta Rodolfo.
No entanto, a tecnologia tem sido uma aliada no enfrentamento desses desafios. “Plataformas de gestão de risco ajudam as empresas a monitorar suas exposições e a implementar estratégias de mitigação. Essas ferramentas podem integrar dados climáticos, financeiros e operacionais para uma visão completa dos riscos”, explica Rodolfo. Ele também menciona a aplicação tecnológica no agronegócio, onde “a tecnologia é uma grande aliada para o monitoramento de estiagem, chuvas intensas e ondas de calor severo nas microrregiões”.
Daniel Castillo, VP Executivo da IRB Brasil RE, também compartilha dessa preocupação, destacando que, embora eventos como esses já tenham ocorrido no passado, a imprevisibilidade exige novos modelos de avaliação de riscos. Ele enfatiza a importância de contar com ferramentas adequadas para determinar onde se concentram os maiores riscos, principalmente em áreas com alta probabilidade de catástrofes. A falta dessas ferramentas, alerta Castillo, pode resultar em sérios impactos financeiros para as seguradoras, pois a falta de proteção adequada através de resseguros pode levar à insolvência.
Para Rodolfo, oferecer seguros que protejam contra fenômenos é uma questão de cuidado com o cliente. “Os danos materiais podem resultar em custos elevados. Ter um seguro adequado ajuda a cobrir essas despesas. Além disso, saber que estão protegidos em situações adversas proporciona mais segurança.” Ele conclui afirmando que a combinação de proteção financeira, segurança e tranquilidade é essencial para atravessar cenários de crise com confiança.
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