Entenda a complexidade dos seguros para terremotos

Os abalos sísmicos são uma realidade em diversas partes do mundo, e muitas vezes, seu impacto é subestimado. Embora grandes terremotos recebam destaque na mídia, a verdade é que tremores de várias magnitudes ocorrem diariamente, como demonstrado pelo terremoto de 7,3 que atingiu o Chile no dia 18 de julho. Causando tremores sentidos a quilômetros de distância, incluindo na cidade de São Paulo.

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A indústria de seguros tem um papel fundamental a desempenhar na mitigação dos impactos dos terremotos. Além de oferecer cobertura para danos materiais, as seguradoras podem promover a educação sobre construção segura e colaborar com governos para desenvolver políticas públicas que incentivem a resiliência. A experiência de países que já enfrentaram grandes desastres deve servir de exemplo para que outros estejam melhor preparados.

Segundo Ilan Kajan, Vice-Presidente de Riscos Corporativos na ALPER, a tecnologia mais indicada para minimizar os danos causados por terremotos envolve o uso de amortecedores sob as construções e a criação de estruturas flexíveis. “Entre o prédio e a fundação, são colocados aparelhos de apoio feitos de borracha ou com amortecedores,” explica. Além disso, em torres mais altas, utilizam-se pêndulos controlados eletronicamente para compensar eventuais oscilações causadas pelos ventos ou pelos próprios tremores.

Entretanto, a maioria das apólices de seguro não cobrem eventos naturais, como terremotos e outras catástrofes. Sendo necessário negociar diretamente com o mercado segurador e ressegurador para contratar cobertura específica para esses riscos. Isso é possível por meio de cláusulas específicas de derrogação, que autorizam a inclusão desses eventos no contrato de seguro, contornando as exclusões padrão.

“Para riscos mais complexos, especialmente em grandes empresas ou empreendimentos de alto valor, uma alternativa é a contratação de apólices do tipo “all risks”, que oferecem uma cobertura abrangente, excluindo apenas o que estiver expressamente listado como excluído no contrato. Esse tipo de apólice é ideal para quem busca uma proteção mais ampla, que inclua catástrofes naturais como terremotos” afirma o especialista.

Antes de contratar uma cobertura de terremoto, é essencial que a consultoria de seguros compreenda a real necessidade dessa proteção. Isso requer uma análise detalhada da probabilidade de incidência de abalos sísmicos, que pode ser feita com o uso de sismógrafos, aparelhos capazes de medir falhas geológicas e detectar possíveis áreas de risco.

De acordo com o executivo da Alper Seguros, devemos levar em conta a quantidade de transações realizadas e a conexão com os mercados de seguros dentro e fora do país, além da análise técnica. Com um enfoque personalizado, é viável negociar termos específicos para cada cliente, adaptando a gestão de riscos de maneira única.

Mesmo com planos de contingência estabelecidos em todas as esferas governamentais, o Brasil ainda enfrenta desafios significativos na gestão de riscos. A falta de acompanhamento da aplicabilidade dos protocolos e a manutenção dos sistemas de medição e mitigação são problemas críticos.

“Um bom exemplo disso foi o que ocorreu recentemente no alagamento de Porto Alegre, onde as bombas para escoar a água do rio, na sua maioria, não estavam funcionando, permitindo a inundação da cidade”, finaliza.

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