O futuro dos planos de saúde

Participantes de fórum defendem reforma urgente no setor

O 2º Fórum de Saúde Suplementar, realizado no hotel Sofitel, em Copacabana, no Rio de Janeiro, hoje, dia 23 de novembro, promoveu uma profunda discussão sobre o atual momento do setor e as perspectivas futuras. Com o tema As escolhas necessárias para o futuro, os participantes apresentaram propostas e reflexões de decisões que devem ser feitas por todos para que o setor tenha continuidade.

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Para a presidente da Federação Nacional de Saúde Suplementar, Solange Beatriz Palheiro Mendes, os caminhos e alternativas do setor devem envolver toda a sociedade. “Estamos em um momento econômico e social que aguça ainda mais a reflexão das escolhas que queremos e o que devemos fazer com as alternativas existentes e os recursos disponíveis. Os custos são crescentes e a capacidade de pagamento de pessoas e empresas é limitada. Se não fizermos as escolhas adequadas agora, poucos conseguirão usufruir deste modelo”, alerta.

O presidente da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), José Carlos de Souza Abrahão, reitera que os beneficiários, os provedores, as prestadoras e o governo devem se unir para a sobrevivência do sistema. “Precisamos agir enquanto ainda dá tempo. Temos que ter o compromisso de implementar mudanças e construir uma agenda positiva para a sobrevivência deste setor”, afirma.

A solução também passa por uma alternativa de união de esforços. Flávio Carneiro Guedes Alcoforado, subsecretario municipal de saúde, lembra que é necessário desenvolver um sistema de saúde com um todo. “As escolhas devem ser feitas, o sistema deve pensar em conjunto para que haja uma solução única”.

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Márcio Coriolano, presidente CNSeg, afirma que o diagnóstico para as soluções do setor existe, porém há uma dificuldade em avançar nas medidas propostas. “O sistema é disfuncional, não consegue exercer as funções da forma que foi criado. Temos empecilhos como a universalidade e integralidade de coberturas, além do aumento vertiginosos procedimentos incorporados fazendo com que operadoras de pequeno e médio porte não sobrevivam. Somados a um custo da medicina privada incompatível com a capacidade de pagamento de empresas, indivíduos e famílias. Temos que rever urgentemente a política, o modelo e a forma de financiamento do sistema”, explica.

A situação econômica atual também foi amplamente discutida durante o 2º Fórum de Saúde Suplementar. Em sua palestra sobre os desafios de curto médio e longo prazos e as perspectivas para o investimento, Octavio de Barros, diretor e economista-chefe do Banco Bradesco, apresentou como o cenário macro da economia brasileira afeta as decisões das famílias. Diante dos mais de 6 milhões de desempregados desde 2016, o economista alerta que o desemprego vem atingindo duramente os jovens e com isso afeta diretamente o setor de saúde suplementar. “A aprovação das reformas trabalhista e previdenciária e a definição do teto de gastos são fundamentais para recuperar a confiança e a economia do pais”.

No painel sobre Saúde e Desenvolvimento, Marcos Bosi Ferraz, professor adjunto da disciplina de economia em gestão de saúde do departamento de medicina e escola paulista de medicina UNIFESP, afirma que o desafio do sistema é fazer escolhas coletivas, exigindo a reinterpretação do direito do cidadão e a responsabilização com a saúde. “Temos o desafio de transformar escolhas individuais, com políticas públicas e que ainda ofereçam o direito de escolha do indivíduo. Há necessidade urgente de definir políticas públicas tanto a saúde suplementar quanto para o setor público para fortalecer o sistema”.

Representando os contratantes de Plano de Saúde, o presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos do Rio de Janeiro, Paulo Sardinha, afirma que é preciso colocar a previdência e saúde em debate para que não se torne um problema sem solução. “São assuntos e decisões que se não forem discutidos vão entrar em colapso”, alerta.

O 2º Fórum de Saúde Suplementar continuará a debater outros temas, como o que mudou após as denúncias sobre a má utilização de órteses, próteses e materiais especiais, além da judicialização e as propostas que serão elaboradas pelo setor. As palestras continuam amanhã, dia 24 de novembro.

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