PIB sofrerá contração de 3% este ano, diz Porto Seguro
Estimativa para o índice oficial de inflação em 2020 é de 1,9%
O cenário de atividade bastante fraca devido às medidas de isolamento social para evitar a disseminação do novo coronavírus deve ocasionar queda de confiança e maior endividamento, o que vai mitigar a velocidade de recuperação da economia mais à frente.
É o que avalia o economista-chefe da Porto Seguro Investimentos, José Pena, para quem o Produto Interno Bruto (PIB) sofrerá um tombo de 3% neste ano. Para ele, o grau de previsibilidade é “minúsculo” atualmente, mas os indícios apontam um viés pessimista para as projeções.
Dada a mudança de comportamento da sociedade, Pena nota que o orçamento mais apertado das famílias deve fazer com que os preços no setor de serviços sejam segurados, ainda mais com o desemprego em alta.
Quanto aos impactos do câmbio, o economista espera que as empresas não repassem integralmente a depreciação do real em relação ao dólar para o consumidor final. “Se as empresas aumentarem o preço em um cenário de demanda ainda fraca, os impactos podem ser ainda maiores.”
Assim, Pena acredita que há uma desinflação contratada por conta dos preços de commodities, mesmo com a alta recente do petróleo. “Eu olho para a frente e, considerando que a retomada será mais lenta do que a gente gostaria, a chance de uma inflação bem mais baixa aumenta. E o número do IPCA de hoje sanciona a nossa visão”, afirma o economista da Porto Seguro, cuja estimativa para o índice oficial de inflação em 2020 é de 1,9%, abaixo da banda inferior da meta de 4%.
Dado esse panorama, ele avalia que o Banco Central cortará a Selic mais duas vezes e levará o juro básico a 2,75% no fim deste ano.
“Se eu estiver minimamente certo com os números de inflação, não tem motivo para não cortar os juros e o BC terá de reduzi-los ou vai estar apertando a política monetária”, afirma Pena.
O economista diz, ainda, que a visão de que o juro não será reduzido porque o BC está focando em liquidez no momento é “equivocada”, tendo em vista que, para ele, a autoridade tenta desentupir o canal de crédito para fazer com que a política monetária chegue na ponta.