Quais habilidades são necessárias para a transformação digital na saúde?
Inteligência artificial, por exemplo, deve ter o maior crescimento das novas tecnologias
A transformação digital tem atingido todos os setores da economia com grande intensidade, mas, a área da saúde é uma das que se mostram mais promissoras à essa tendência. Grandes players do setor já estão investindo alto na transformação digital para fortalecer e melhorar sua atuação, enquanto muitos outros ainda não entenderam o potencial da transformação digital.
Durante o 3º Seminário Brasscom Políticas Públicas & Negócios, no último ano, a Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação divulgou que os investimentos em transformação digital, como Internet das Coisas, Big Data, Analytics, Inteligência Artificial e Segurança da Informação, para o período 2018 a 2021, são estimados em R$ 249,5 bilhões. Ainda segundo o levantamento, a Inteligência Artificial terá o maior crescimento das novas tecnologias nos próximos quatro anos, com projeção de 39% ao ano, com aportes de R$ 1,1 bilhão.
A transformação digital parece algo complexo, mas não é e passa a ser essencial para obter melhoras constantes nos serviços e na qualidade da saúde. Mas não basta apenas investir em programas e infraestrutura, também é necessário que os profissionais da área desenvolvam algumas habilidades cognitivas essenciais para implementar a transformação digital de maneira completa. Andrea Iorio, Chief Digital Officer da divisão de produtos profissionais da L’Oréal e ex-Head LatAm do Tinder, apresenta essas 6 competências fundamentais que os colaboradores devem exercitar, em meio a transformação digital.
“A tecnologia vem para aprimorar e potencializar vários setores da saúde, como uma aliada. Mas, o fator humano é a chave para se ter sucesso com a transformação digital. São as habilidades cognitivas fundamentais que os funcionários devem desenvolver que vão aprimorar a qualidade da entrega final,” afirma Iorio.
O CDO da L’Óreal ressalta que em qualquer área, mas principalmente na de saúde, é fundamental pensar e trabalhar bem as relações humanas, além de absorver conhecimento a partir delas, para aplicar na transformação digital
Nesse cenário, o especialista apresenta as 6 competências necessárias. Confira abaixo:
1. Flexibilidade Cognitiva
A flexibilidade cognitiva é nossa capacidade de jogo de cintura em situações inesperadas. Ela também estimula a resiliência, que é a nossa capacidade de superar os percalços da vida, difíceis de aceitar e que podem nos derrubar. Essa competência transforma fracassos em um motor de motivação, capaz de gerar grandes mudanças – para melhor – em nós. A melhor forma de desenvolver essa capacidade é fazendo atividades fora da sua rotina e se desafiando em novos contextos, como por exemplo: estudando uma nova língua, tendo um novo hobby, fazendo um trabalho voluntário ou outras experiências que te façam vivenciar outras realidades.
2. Altruísmo digital
É certo que a tecnologia acabou por tornar as pessoas mais solitárias e, por vezes, atrapalha a real conexão humana. Mas, essa conexão, as relações humanas são bases essenciais para qualquer negócio, principalmente no setor de saúde, que lida diretamente com o ser humano e suas complexidades. A tecnologia entra aqui como um complemento à experiência humana, que tem como base a reciprocidade e a empatia. Por tanto o colaborador deve ter sempre como foco os relacionamentos e praticar a empatia.
3. Inovação incremental
Inovação não é necessariamente inventar algo novo, mas sim absorver conhecimento e aprimorar. É aquela coisa de estar sempre de olho na grama do vizinho e aproveitar os buracos. De acordo com o especialista, o jeito de fazer inovação hoje é incremental, mantendo elementos de familiaridade dos consumidores e acrescentando recursos. Ou seja otimizar processos, melhorar procedimentos já existentes com foco em melhorar a qualidade de vida do paciente.
4. Comportamento humano
Aprender cada vez mais sobre comportamento humano é primordial. É interessante pensar em variáveis, anotar as reações às novidades introduzidas e analisar os resultados. A parte psicológica é muito importante em qualquer processo. Neste caso, a observação e a escuta são fundamentais para entender melhor seu público.
5. Pensamento crítico
Pensamento crítico tem a ver com ‘não aceitar o status quo’, ou seja, não aceitar as coisas como são, simplesmente porque são desse jeito. Tenha sempre um olhar crítico e repense seus métodos e estratégias, veja se tudo está mesmo sendo feito para alcançar o seu objetivo final. Caso se trate de um processo já estabelecido na empresa em que você trabalha, sugira mudanças. Elas não virão se alguém não sair do que já está estabelecido.
6. Foco no resultado
O foco no resultado é importante para garantir uma melhora na qualidade do serviço. É igualmente importante, ter ao mesmo tempo uma visão horizontalizada e verticalizada, ou seja, do macro e do específico.
“O avanço da tecnologia não é mais linear, e sim exponencial. Isso representa enormes oportunidades de gerar valor com rapidez, mas, ao mesmo tempo, traz enormes desafios sobre nosso papel no mercado de trabalho, a maneira que absorvemos conhecimento e como lidamos com outras pessoas. A questão aqui é mudar seu comportamento e realizar a transformação do seu mindset junto com a tecnologia”, aconselha Iorio.