Setor de seguros demonstra resiliência diante da crise, aponta presidente da CNseg
Confira essa e outras reportagens na edição 240 da Revista JRS
O mercado brasileiro de seguros foi responsável por evitar uma queda ainda maior do Produto Interno Bruto do Brasil no segundo trimestre do ano. Foi o que destacou o presidente da Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg), Marcio Coriolano, em entrevista ao repórter William Anthony. O correspondente do JRS em São Paulo foi convidado pelo Clube dos Corretores de Seguros (CCS-RJ) e Educa Seguros para mediar o bate-papo, transmitido para quase 4 mil espectadores no YouTube. Este e outros conteúdos integram a edição 240 da Revista JRS.
Coriolano destacou o cenário macroeconômico vivido pelo Brasil desde 2015, quando foi registrada a maior crise econômica da história recente do País. “O setor é movido por três atributos econômicos principais, que são: produção, emprego e renda. O que aconteceu entre 2015 e 2018 foi uma recessão profunda que atingiu indistintamente esses pilares. No caso do setor de seguros, a recuperação começou em 2018 e os números foram excepcionais em 2019, quando o mercado cresceu 12,2%. Esperava-se a continuidade do crescimento em 2020, mas o vírus se abateu sobre a cabeça de todos”, comentou o presidente da CNseg. “Essa crise epidemiológica gerou uma crise de mobilidade, que ensejou em uma crise econômica. O setor de seguros, por sua resiliência e capacidade de reação, ainda conseguiu ter um crescimento no primeiro trimestre em relação ao ano anterior. Já em abril, houve uma queda de 22% na produção em relação ao mesmo mês do ano passado. Em maio os números melhoraram um pouco, dado crescimento dos segmentos VGBL e PGBL e, em junho, o crescimento foi mais expressivo. Não digo que estamos nadando de braçada. Os desafios são grandes nesse nosso mercado, mas isso também gera oportunidades. O mercado de seguros, mesmo em um período de crise mais grave, foi capaz de crescer”, enfatizou.
Marcio Coriolano enfatizou a rápida adaptação do setor e da Confederação ao trabalho remoto. O especialista acredita que um formato híbrido de atuação “veio para ficar”. “O teletrabalho demonstrou que se pode fazer muito mais e com muito mais produtividade do que no trabalho presencial. É sabido que a tecnologia é um braço auxiliar e atributo muito importante na hora de orientar os segurados”, afirmou.
Na opinião do também ex-presidente da Superintendência de Seguros Privados (Susep), o principal efeito da crise desencadeada pelo coronavírus foi o sentimento de finitude. “Se alguém acreditava que o risco não existia passou a acreditar agora. Isso representa uma oportunidade enorme de as pessoas perceberam a importância do seguro. Os públicos estão procurando serviços e benefícios, mesmo que com coberturas mais limitadas e custos mais acessíveis, até por conta do uso da tecnologia”, comentou ao defender uma maior redução dos custos regulatórios, a fim de propiciar uma maior capilaridade, e do andamento de reformas estruturais.
Reservas técnicas e confiança no Brasil
Coriolano destacou os mais de R$ 1,2 trilhão de reais existentes em reservas técnicas no segmento de seguros, o que comprova a confiança do setor no País. “Nenhum empresário põe dinheiro em um setor onde é preciso colocar dinheiro na frente para acumular. Ninguém investe se não houver confiança em um país e, por aqui, acontece cada vez mais o contrário – o setor de seguros cresce”, acrescentou. “Temos uma importante missão civilizatória e precisamos cobrar mais dos poderes para que ajudem a ampliar soluções cada vez mais flexíveis e que possam atender os distintos públicos existentes no Brasil, uma Nação com dimensões continentais e profundas diferenças regionais”.
De acordo com o líder da CNseg, a indústria de seguros é reconhecida em nível mundial por sua solvência. “Todo o mercado de seguros é absolutamente regulado em qualquer lugar do mundo. Isso não é uma invenção brasileira. A Susep tem aumentado os requisitos de capital e solvência e nós agradecemos por isso. O número de intervenções do órgão regulador também é pequeno, restrito à situações históricas, o que comprova a solvência do setor”, disse ao enfatizar que as camadas menos favorecidas da sociedade são as que mais precisam de seguro.
Importância do propósito na hora da distribuição
Durante o bate-papo, Marcio Coriolano ressaltou a importância do propósito existente entre quem formula e quem distribui as soluções ofertadas pela indústria seguradora. “Essa dupla é permanente, uma não existe sem a outra. A crise traz oportunidades para os corretores e eles têm a missão de perceber o que cada segmento da população quer e precisa. Aí quem vai mandar é a capacidade e a formação técnica. É preciso reconhecer o trabalho estupendo dos profissionais de corretagem do Brasil”, justificou.
Paixão pelo mercado segurador
A paixão, sem dúvida, é algo que move boa parte dos agentes que integram o segmento de seguros. Com o presidente da CNseg isso não é diferente. “Tenho uma trajetória bastante longa e profunda neste mercado. Aprendi a respeitá-lo quando estava do outro lado do balcão, quando atuei no órgão regulador. Depois estive ao lado da produção, distribuição, venda e atendimento aos segurados. Só consigo ficar empolgado e apaixonado por este mercado, que tem a particularidade que os outros não possuem, que é o de entregar proteção à população”, finalizou.