Soluções para ganho de escala na saúde

Impacto repentino da pandemia ampliou a utilização de soluções tecnológicas

A tecnologia assume papel decisivo como suporte na busca de soluções para a mais grave crise sanitária que o mundo enfrenta neste século. Recursos como inteligência artificial, big data, data analytics, internet das coisas (IoT) e machine learning aceleram as pesquisas, permitem gerir com maior precisão e rapidez equipes de saúde, equipamentos e insumos necessários ao atendimento de pacientes da Covid-19. Ferramentas de telemedicina e teleconferência ajudam a tratar e também amparar quem precisa ficar isolado, em casa, ou num leito de hospital.

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O impacto repentino da pandemia ampliou a utilização de soluções tecnológicas, muitas delas antes vistas com resistência pela classe médica, relatam consultores e especialistas. É o caso da telemedicina, aprovada em caráter de emergência no país em abril.

“Percebemos como é importante ter todo esse aparato tecnológico à disposição da saúde neste momento”, diz Frank Meylan, sócio-líder de artificial intelligence, cognitive & customer experience da KPMG no Brasil. A seu ver, a Covid-19 abriu muitas portas para a aplicação da tecnologia na saúde. O modelo tradicional de medicina seguido no país, voltado principalmente para o contato físico com o paciente, começa a ser revisto, diz o consultor. Para Eliana Kihara, sócia da PwC Brasil, não há como não utilizar a tecnologia de big data e inteligência artificial, por exemplo, para obter a escala necessária de informações e soluções para vencer a Covid-19. “Quanto mais soluções encontrarmos para abarcar todas as informações dos stakeholders do sistema de saúde e permitir que esses dados sejam acessados pela cadeia, melhor”, diz Kihara. Já Luiz Fernando Joaquim, sócio da área de life sciences & healthcare da Deloitte, acredita que as novas tecnologias vão melhorar a conexão com o paciente e estimular novos hábitos.

Na área farmacêutica, além de encurtar o prazo das pesquisas de vacinas e medicamentos, as tecnologias digitais também reduzem o índice de erros e tornam mais efetivos os resultados obtidos no desenvolvimento de novas drogas. “Toda a parte inicial de pesquisa, que antes era feita no braço, hoje se beneficia de recursos tecnológicos, que maximizam o tempo na descoberta da molécula”, diz Nelson Mussolini, presidente do Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos no Estado de São Paulo (Sindusfarma).

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Usando tecnologia inovadora, Sanofi e GSK acabam de entrar juntas na corrida para a descoberta de uma vacina adjuvante. A Sanofi contribuirá com o antígeno Covid-19 da proteína S, baseado na tecnologia de DNA recombinante que produziu uma correspondência genética exata com as proteínas encontradas na superfície do vírus. A GSK entrará com sua tecnologia de adjuvante (excipiente) pandêmica. “Em um momento como o que estamos vivendo, são de extrema importância não apenas os esforços para encontrar uma solução de combate ao vírus, mas também o compartilhamento de informações sobre ele”, afirma José Carlos Felner, presidente da divisão farmacêutica da GSK Brasil.

A tecnologia digital permite o agrupamento e acesso a esses dados, proporcionando economia de tempo e ganho de produtividade, diz o executivo.

Na medicina diagnóstica, a paranaense Hi Technologies desenvolveu um teste rápido para detectar anticorpos contra o coronavírus produzidos pelo organismo, já fornecido a prefeituras, hospitais, farmácias e planos de saúde. A empresa vende o serviço de análise, realizado por meio de kits diagnósticos fornecidos aos parceiros, compostos por cápsulas com reagentes químicos, onde é depositada uma gota de sangue. Posteriormente elas são acopladas a um equipamento de laboratório portátil conectado à internet. O laudo eletrônico, checado a distância por uma equipe de especialistas sediada em Curitiba, chega em 15 minutos por e-mail e SMS no celular do paciente, via internet das coisas. “É o único laboratório do mundo em que todos os equipamentos são conectados em nuvem”, diz Marcus Vinícius Mazega Figueredo, CEO e fundador da Hi Technologies.

Gigantes de tecnologia também contribuem com iniciativas para a saúde. A IBM disponibilizou suas ferramentas gratuitamente a pesquisadores do mundo todo. Entre elas, o sistema de inteligência artificial IBM Clinical Development, que permite reduzir tempo e custo de ensaios clínicos, pela centralização e organização dos dados, e pode ser usado por farmacêuticas, hospitais e organizações de pesquisa clínica. “Nosso principal objetivo é contribuir com o trabalho de profissionais do mundo todo na descoberta de medicamentos que combatam a covid-19”, diz Fabio Marras, chief technology officer da IBM Brasil.

A SAP oferece gratuitamente uma solução para localizar estoques de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) para hospitais. “É uma solução relativamente simples, mas que tem enorme impacto”, explica Cristina Palmaka, presidente da SAP.

Já a Embratel desenvolve projeto de migração dos dados do Datasus, departamento de informática do Sistema Único de Saúde (SUS), para nuvem. O contrato de 30 meses, resultado de licitação e assinado com o Ministério da Saúde em dezembro, no valor de R$ 14,4 milhões, prevê a disponibilização dos dados na Rede Nacional de Dados em Saúde, projeto do Conecte SUS, do governo federal. Segundo Maria Teresa Lima, diretora executiva para governo da Embratel, toda a infraestrutura de nuvem está pronta e os dados já começaram a ser migrados em diversos Estados.

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