Análise Boa Vista: varejo inicia o ano com alta de 0,8% em janeiro

Por outro lado, volume de vendas apontou queda na comparação interanual, de 1,9%

O volume de vendas no varejo restrito subiu 0,8% entre os meses de dezembro de 2021 e janeiro de 2022 na comparação dos dados dessazonalizados, de acordo com a Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), do IBGE. Dentre os destaques do mês, as vendas no segmento de “Super e hipermercados” e de “Artigos Farmacêuticos” subiram 0,3% e 3,8%, respectivamente, enquanto nos segmentos de “Combustíveis e lubrificantes”, “Móveis e eletrodomésticos” e “Tecidos, vestuário e calçados” elas caíram 0,4%, 0,6% e 3,9%, respectivamente. O resultado veio acima daquilo que era esperado pelo mercado, já que a mediana das projeções apontava uma elevação de 0,3%. Na comparação interanual o volume de vendas apresentou retração de 1,9% e na variação acumulada em 12 meses o crescimento desacelerou de 1,4% para 1,3%.

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C Josias & Ferrer no JRS

A queda na comparação interanual já era esperada pelos economistas da Boa Vista, dado que o indicador antecedente de Movimento do Comércio havia apontado queda de 0,5% na mesma base de comparação. Mas a alta no mês surpreendeu, uma vez que o indicador havia caminhado na direção contrária, com queda de 1,1%. Vale ressaltar, contudo, que a queda de dezembro no número do IBGE foi revisada de -0,1% para -1,9%, de modo que, se não fosse isso, ambos teriam apresentado variações no mesmo sentido e muito próximas, na verdade, iguais.

Não eram poucos os motivos que apontavam para um mês difícil: a confiança de consumidores e comerciantes vinha de queda na comparação mensal, as pressões inflacionárias ainda eram fortes e era esperado que o aumento no número de casos de Covid-19, bem como o surto de gripe, esfriasse as vendas no período. Isso até foi percebido no segmento de “Tecidos, vestuário e calçados”, no entanto, talvez pelo mesmo motivo, um dos destaques positivos do mês tenha sido justamente o segmento de “Artigos Farmacêuticos”.

De todo modo, o cenário econômico atual é mais delicado do que aquele observado um ano antes. A melhora nos números do mercado de trabalho, com a taxa de desemprego caindo mês a mês, tem sido ofuscada pela renda menor, pela inflação e pelo aumento na taxa de juros. Como se isso tudo não bastasse, as notícias que vêm do leste europeu só aumentam a incerteza nos mercados. A confiança, que voltou a subir em fevereiro, tende a cair em março em meio a tantos desafios. A inflação, sobretudo nos segmentos de alimentos e combustíveis, não deve mais ceder nos próximos meses e, naturalmente, isso tudo pode retardar, ou até mesmo interromper, essa melhora, citada anteriormente na criação de novos empregos.

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