Câncer: debate, prevenção e ação em meio à pandemia

Confira artigo de Thais Jorge, Diretora da Bradesco Saúde

Em meio ao cenário desses últimos dois anos, outras doenças perderam visibilidade no noticiário, mas continuam sendo letais se não forem descobertas e tratadas a tempo. O maior exemplo são os diversos tipos de câncer, um dos principais problemas de saúde pública no mundo. Trata-se de uma das quatro principais causas de mortes prematuras – antes dos 70 anos de idade, segundo o INCA. Para 2025, a previsão é de 6 milhões de mortes prematuras por ano.

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Para jogar luz sobre diversos temas, as efemérides são importantes instrumentos para pautar o debate junto à sociedade. Nesse mês de fevereiro, três datas referentes à conscientização na luta contra o câncer põem o assunto em destaque: Dia Mundial do Câncer (4/2); Dia Nacional da Mamografia (5/2) e Dia Internacional do Câncer na Infância (15/2). Datas como essas trazem a reflexão em cima do tema, permitindo a disseminação de informações à população, na busca pela prevenção e no cuidado com a saúde. Nesse quadro de pandemia, tornam-se ainda mais importantes.

Nos últimos dois anos, diante do temor da infecção pelo coronavírus e as incertezas sobre o futuro, muitos brasileiros deixaram de realizar exames periódicos. Em razão dos diferentes estágios da pandemia no país, a retomada gradual da realização de procedimentos eletivos e dos exames de prevenção acontece de forma desigual, embora seja notório a maior procura a partir do avanço da vacinação. Segundo o Instituto Oncoguia (SP), que mantém atualizado os dados do Radar do Câncer, mapeando procedimentos de rastreamento, diagnóstico e tratamento dos pacientes e os comparando aos últimos anos, um dos principais procedimentos para o diagnóstico do câncer, as biópsias, tiveram uma redução de 38,22%, quando comparado o intervalo de tempo entre os meses de março a dezembro de 2019 e 2020.

Em paralelo, de acordo com a publicação Estimativa 2020: Incidência de Câncer no Brasil, feita pelo INCA para cada ano do triênio 2020-2022, aponta que ocorrerão 625 mil casos novos de câncer. Sendo o câncer de pele não melanoma será o mais incidente (177 mil), seguido pelos cânceres de mama e próstata (66 mil cada), cólon e reto (41 mil), pulmão (30 mil) e estômago (21 mil).

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Além da dedicação ao enfrentamento da pandemia, os profissionais de saúde terão novos desafios, como o possível aumento de casos de câncer em estágios mais avançados. Torna-se ainda mais fundamental o trabalho de conscientização sobre a importância da prevenção e para a indispensável criação de estratégias práticas para lidar com a doença.

A prevenção pode ser dividida em primária e secundária. A primeira objetiva impedir que o câncer se desenvolva, ou seja, orientar o paciente para um estilo de vida saudável, com promoção do bem-estar e menor exposição do mesmo aos fatores de risco para o desenvolvimento da doença. No caso da prevenção secundária, o médico tem como principal objetivo detectar, por meio de rastreamento e exames, um diagnóstico precoce da doença, bem como tratar também doenças pré-malignas ou cânceres assintomáticos iniciais. Nesse ponto, os avanços tecnológicos, como o uso de inteligência artificial, oferecem recursos para a realização de exames, garantindo resultados mais precisos e detalhados. Um diagnóstico precoce pode promover uma qualidade de vida maior, melhoria nos tratamentos, e até mesmo a regressão do quadro.

O desenvolvimento do câncer é um processo complexo e não tem causa única. Devemos considerar causas externas, do ambiente em que vive o paciente, e internas, como hormônios, fatores genéticos, entre outros. No que diz respeito aos fatores externos, os hábitos e o estilo de vida podem aumentar o risco de diferentes tipos de câncer. Nesse caso, algumas medidas podem ser tomadas visando a promoção da saúde, tais como: uma boa alimentação, rica em nutrientes e vitaminas, praticar atividades físicas e ter cuidado com a exposição à radiação ionizante, além de proteger a pele e usar o filtro solar adequado.

As efemérides contribuem para lembrar e pôr o tema em pauta, em discussão, no caso do combate ao câncer, o debate precisa ser constante. E mais do que refletir sobre o assunto, o importante é agir. Fazer check-ups e exames preventivos regularmente são premissas indispensáveis para o diagnóstico e tratamento da doença. É possível construir um ambiente no futuro de uma sociedade mais saudável, a partir de um olhar zeloso e preventivo.

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