Por que você não deve vender os seus ativos a cada vez que o mercado cai

Confira artigo de Ale Boiani, CEO, fundadora e Sócia do 360iGroup

Por que você não deve vender os seus ativos a cada vez que o mercado cai , assim como não deve comprar o que está entregando resultados excelentes? O que implica nesse comportamento e escolhas sobre os seus investimentos?

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Devido ao fato de o mercado financeiro e de investimentos ser cíclico, o cenário ideal seria comprar os ativos quando está tudo negativo, em crise, porque “vai comprar barato”, e aí vender quando estiver em alta, quando os resultados estiverem excelentes, e realizar o lucro. Costumo sempre dizer que esse olhar e estratégia de investimentos está muito ligada a objetivos de retorno muito bem definidos, que ajudam a controlar os ânimos e fazer com que a pessoa saiba diferenciar mudanças táticas de estratégicas – o que para muitos é um desafio enorme.

A carteira de investimentos é pura estratégia. Curto, médio e longo prazos unidos para entregar o resultado almejado. Já aproveitar momentos, seja para realização de lucro ou para comprar barato, é um plano tático, e não pode mexer com o resultado final definido para a carteira, levando isso como norte para todas as decisões relacionadas.

Ao montar uma carteira de investimentos, o seu assessor de investimentos está levando em consideração a sua política de investimentos individual. A política serve como guia em seu processo de decisões de investimento a todo momento. Nela também consta os seus objetivos de risco e retorno, tem informações específicas como horizonte de tempo, necessidade de liquidez, regulamentações, impostos e suas circunstâncias únicas. Por exemplo, se você tem o objetivo de em 10 anos ir morar no exterior, isso deve fazer parte dessa estratégia.

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Te explico como funciona esse processo. Para começar a montar a política, iniciamos pelo planejamento financeiro – uma conversa aberta para entender o momento, aspirações, o perfil, e definir a melhor estratégia. Já o segundo passo, determina onde alocar de acordo com o que foi avaliado, e periodicamente, ir se fazendo ajustes, mas nunca mexendo ou comprometendo o que implica em estratégia principal.

No perfil de risco se avalia a tolerância ao risco do cliente. Geralmente quanto mais longo o prazo, maior a tolerância, quanto menor o prazo, mais cuidados se deve tomar. Existe uma diferença importante entre a capacidade de assumir riscos (em variáveis como o fato de o investidor ser jovem, bem remunerado, com baixas despesas e que sobra um valor considerável no mês), além também da disposição em assumir esses riscos – que inclusive se aplica ao perfil psicológico do investidor.

O perfil de risco olha a tolerância total. O mesmo se aplica em uma situação contrária: alguém que tem uma grande disposição de assumir riscos, extremamente arrojado, mas que não tem a capacidade financeira de assumí-los. Se a capacidade for maior que a disposição, o que deve prevalecer é a disposição do cliente. Se a disposição for maior do que a capacidade, o que deve prevalecer é a capacidade do cliente.

A fonte de riqueza do cliente também deve ser considerada. Um empresário por exemplo é mais propenso a tomar riscos porque isto faz parte do seu dia a dia, estão acostumados a lidar com intempéries. Alguém que recebeu uma herança, pode não estar habituado a lidar com as finanças e, pela baixa compreensão do mercado, ter medo de ousar. O tempo de carreira do investidor geralmente tem relação direta com o nível de despesas também. Alguém que está começando a carreira tem um volume maior de gastos porque está construindo patrimônio. Já alguém que tem intenção de manter o patrimônio, precisa de algo mais estável.

Mas como saber o quanto arrojar na carteira quando você não tem o acompanhamento de um profissional? Existe uma pequena regra baseada na questão do prazo, que diz que o investidor pode colocar em renda variável no máximo a diferença entre sua idade atual e 100. O investidor tem 40 anos? Então o cálculo corresponde a 60% em renda variável e 40% em renda fixa. Se tem 60 anos, 40% em renda variável e 60% em renda fixa.

Não é uma conta exata porque deve se levar em conta o perfil psicológico, o desejo de ter uma reserva, a aceitação de perdas e volatilidade, o quanto a preocupação com a perda o afeta e os acontecimentos tanto de mercado, quanto da vida do cliente. Quando o objetivo é especulação, se pensa em crescimento acelerado com alto risco. Agora, quando se trata de geração de renda e crescimento, a regra é clara: deve-se gastar menos e sobrar mais, diversificar a carteira e não se assustar com as mudanças de mercado. Para preservação de patrimônio, é demandado um perfil e tomada de decisões mais conservadoras, além de ter investimentos com mais liquidez, mais disponíveis.

Mas, o ponto mais importante: nunca confundir o estratégico com o tático, que é trocar algo que você quer muito por algo que você quer agora. Nos investimentos não é diferente. É necessário um olhar personalizado para cada cliente ou carteira para tomar as decisões mais assertivas e promissoras.

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