Empresário fala sobre desafios de liderar empresas familiares

Separação entre pessoal e profissional é o maior obstáculo entre colaboradores de empreendimento deste tipo

A maioria dos brasileiros possui um espírito diligente, fazendo com que 90% das empresas no Brasil iniciem a sua trajetória assim, segundo dados do Sebrae e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Esse estudo aponta também que as empresas familiares são responsáveis por 65% do nosso Produto Interno Bruto (PIB) e por 75% dos empregos. Sem dúvida, a cultura familiar se reflete no dia a dia e influencia o andamento das empresas, porém planejar e executar processos de sucessão para garantir a longevidade das operações são alguns dos desafios.

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Para o sócio-administrador da Rufatto Transportes e Logística, André Rufatto, a maior dificuldade das empresas de perfil familiar é a separação entre o pessoal e o profissional. “Acredito que o principal desafio é garantir que todos os assuntos sejam tratados com uma postura profissional. Muitas vezes é difícil manter o “padrão alto” com alguns colaboradores, alguns acabam tendo um tratamento especial em determinadas situações. É um obstáculo a mais gerenciar parentes sem envolver o lado pessoal, tratando todos de forma justa. O tema sucessão também é um assunto delicado, envolve uma maturidade muito forte de todos os envolvidos”, afirma Rufatto.

No entanto, de acordo com a Pesquisa Global de Empresas Familiares de 2018 da PwC, 44% dessas empresas não têm plano de sucessão e 72,4% dos cargos-chave (como aqueles relacionados ao conselho de administração) não têm um sucessor como presidente, gerente e gestor. Outro desafio enfrentado é o controle financeiro, pois muitos lugares acabam utilizando o caixa do próprio negócio para cobrir gastos pessoais, um péssimo hábito que interfere no equilíbrio financeiro e afeta a todos diretamente. Nesse caso, saber definir limites é indispensável.

“Saber documentar os papéis e as responsabilidades de cada um, da maneira mais detalhada possível, facilita o dia a dia e minimiza os problemas. Quanto mais claras as responsabilidades, a cultura da empresa, os objetivos e quais atitudes tomar em cada situação, mais fácil fica de separar o pessoal do profissional”, completa Rufatto.

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No entanto, a cultura familiar reflete no dia a dia da empresa, acelerando a tomada de decisões, que muitas vezes acontecem fora do escritório, incentivando a lealdade e mantendo os negócios nas mãos da família, estabelecendo assim um modelo direto e conciso de gestão.

“Uma empresa familiar com os processos bem definidos e escritos acaba sendo mais rápida e eficiente nas tomadas de decisões, principalmente em momentos críticos. Há maior lealdade e dedicação por parte de todos, o que permite manter o negócio na mão da família. Há também uma maior flexibilidade quanto aos resultados e às prestações de contas. A equipe de colaboradores geralmente é mais enxuta, eficiente e feliz”, ressalta Rufatto.

A despeito das peculiaridades desse tipo de gestão, liderar uma empresa será sempre um grande desafio. Porém, também como reflexo de nossos valores, o amor e o carinho que se tem pela família são também enormes diferenciais.

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