Newton Queiroz: A importância do Microsseguro

Publicidade

Segmento representa uma grande oportunidade para expansão da penetração do seguro

Newton Queiroz é especialista em seguros e colunista do JRS / Arquivo JRS
Newton Queiroz é especialista em seguros e colunista do JRS / Arquivo JRS

Neste início de ano nossa indústria recebeu a boa notícia de que, apesar da pandemia, conseguimos ter um leve aumento no prêmio emitido de 0,50%. Porém, temos que lembrar que a expectativa em dezembro era que fechássemos o ano com algo ao redor de 3,4% acima de 2019, ou seja, tivemos um bom ano, mas o último mês não performou como esperado.

Publicidade

Quando olhamos os resultados das seguradoras (não temos todos até o momento) podemos ver que algumas estão bem pressionadas em seus índices combinados, ainda mais agora com a redução das taxas de investimento; sendo que para toda a indústria é muito importante conseguir balancear o crescimento do mercado forma rentável e sustentável para todo.

Porém, mesmo não tendo o crescimento esperado de 3,5%, a pressão vivida pelas seguradoras e demais pontos. Temos de lembrar que o potencial de nossa indústria segue sendo enorme tanto em áreas existentes, como em áreas a serem exploradas.

Lembremos que a penetração de seguros (incluindo Saúde) gira ao redor de 6,1% e que sem o setor de saúde fica ao redor de 3,9% (2,1% Vida / 1,8% Danos). Se utilizarmos a parte de Danos como exemplo, o produto de maior penetração é o auto com 25%, seguido do Residencial com 14% e assim em diante, ou seja, uma penetração baixa quando comparada a outros países do mundo onde a penetração para auto gira ao redor de 50% ou mais.

Publicidade

Uma grande oportunidade para apoiar na expansão da penetração do seguro, gerar prêmio novo, melhorar a visão do produto no país e trazer rentabilidade é o Microsseguro, um segmento que teve seu “início” em 2003/2004, porém, a comercialização dos produtos se concretizou apenas em 2012/2013 (primeiras versões em 2011 com edição em 2012) quando foram publicadas circulares que estabeleciam as regras gerais que conhecemos hoje em dia para o Microsseguro no Brasil.

Passado mais de 7 anos, o mercado segue com visões divergentes a respeito de dito segmento; fato esse que pode ser confirmado durante a Primeira Conferência de Nacional de Microsseguro que ocorreu em 2020. Neste evento, grandes nomes do mercado falaram a respeito do assunto e foi possível ver a distância entre suas visões; mas em um ponto todos concordaram – o potencial segue sendo enorme para indústria e sociedade.

Um bom exemplo é quando comparamos o percentual de participação do Microsseguro dentro da indústria. Olhando para 2020 esse percentual foi de 0,10%, ou seja, baixíssimo (foram emitidos BRL355MM via as 28 seguradoras que operam Microsseguro).
Olhando o mercado mundial, o Brasil representa por volta de 7% do total de prêmio arrecadado e 12% em relação a América Latina, o que pode parecer um número interessante, mas se pensarmos que somos o maior mercado na América Latina e temos apenas 12% de representatividade, não deveríamos questionar o porque disto? E se adicionarmos a este ponto a questão de termos a maior população da América Latina?

Sempre lembrando que um dos principais focos do Microseguro aumentar a rede de proteção para as partes mais vulneráveis da sociedade; o que é sempre defendido por Edson Calheiros (Presidente da ANM): “Os Microsseguros são instrumentos de Inclusão Social, não podem ficar fora da cesta de produtos essenciais do povo brasileiro”.

Resumindo, sim 2020 foi um ano bom para a indústria dentro de toda a realidade que vivemos, porem, 2021 já está trazendo seus desafios; e da mesma forma em que ano passado a indústria teve de dar um grande salto em relação à transformação digital, este ano seria prudente focar em novas áreas de crescimento de produtos ou segmentos já existentes como o Microseguro.

Related Articles